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Alterações climáticas com impacto positivo no sobreiro e no pinheiro na região Centro


Helena Amaro (texto)/Luís Filipe Coito (foto) Terça, 28 de Março de 2023

As alterações climáticas poderão ter um impacto positivo no crescimento do sobreiro e do pinheiro na região Centro. A garantia foi dada por Conceição Silva, da União da Floresta Mediterrânica, considerando ainda que as duas espécies podem ajudar a mitigar o risco de incêndio em concelhos como Pedrógão Grande.
“Apesar das alterações climáticas que se perspetivam para a cortiça e pinha, não há um cenário tão preocupante relativamente à capacidade de adaptação destas espécies na região [Centro], como aquele que se verifica no sul do país. Existe essa capacidade de adaptação e é uma zona de menor vulnerabilidade para estas duas espécies em termos de produtividade”, afirmou.
Durante a conferência ‘Floresta ao Centro’, que decorreu na sexta-feira, em Pedrógão Grande, Conceição Silva explicou que “o impacto negativo é menor, a capacidade geral de resposta é reduzida”. Mas, ressalvou, “quando agregamos os dois indicadores, há uma baixa vulnerabilidade”.
No caso do sobreiro, aquela engenheira disse que “a produtividade esperada vai ser impactada” e “as alterações climáticas poderão até ter um impacto positivo sobre o crescimento”. Já no caso da vinha, “o aumento previsível, quer das temperaturas quer da redução da precipitação, irão ter impactos na produção e sobre a produtividade da pinha”.
Porém, Conceição Silva alerta que este potencial de crescimento da espécie tem a questão associada de risco de incêndio. Contudo, espécies como o sobreiro e o pinheiro “podem contribuir de forma positiva para que isso seja mitigado, usando à volta das explorações, diminuindo o risco para a comunidade”.
Durante a sua apresentação, a engenheira deu ainda nota de algumas ferramentas que existem para apoiar os produtores, desde logo a localização para a aptidão para a produção e as amostragens da qualidade, nestes casos, da cortiça e da pinha. “É possível mostrar ao comprador a qualidade e se o calibre é bom” e, desta forma, “poder comercializar e garantir um preço mais adequado ao seu produto”.
A responsável da União da Floresta Mediterrânica não tem dúvidas ao reiterar a necessidade de “arranjar uma forma de fazer chegar as ferramentas a quem precisa para melhorar a gestão e a comercialização dos produtos”.
“Existem já ferramentas que permitem fazer esta amostra e chegar ao mercado e dizer que a pinha desta região tem o rendimento normal e valorizar este produto”, explicou Conceição Silva, admitindo existir “um problema da fileira”: “um défice de matéria-prima”.
“Existem constrangimentos, quer ao nível da quantidade quer ao nível e da qualidade”, mas “existe espaço no mercado para haver mais área e produto de melhor qualidade”, defendeu ainda Conceição Silva, lembrando ainda que também existe um potencial na progressão da profissionalização.|




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