Primeiro-ministro devia estar no terreno
O secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, acusou hoje o primeiro-ministro de estar afastado do território afetado pelos incêndios e defendeu que devia andar a ouvir autarcas e populações afetadas.
“Importante mesmo é que o primeiro-ministro estivesse estes dias, a seguir a incêndios duríssimos que atingiram uma parte importante do nosso território estivesse no terreno a fazer aquilo que nós estamos a fazer”, reagiu Pedro Nuno Santos.
O secretário-geral do PS falava aos jornalistas no final de uma reunião de cerca de duas horas, em Mangualde com sete autarcas socialistas do distrito de Viseu, afetados pelos incêndios. De fora ficaram Nelas e Castro Daire, eleitos pelo PSD.
“Ouvir a população, ouvir os autarcas e perceber que há um mundo para trabalhar para lá da mera perseguição ou punição de responsáveis, que devem ser perseguidos e punidos, obviamente, mas há todo um trabalho muito importante para fazer”, defendeu.
E isso, salientou, “era muito importante, até para o desenvolvimento ou o desenho do Orçamento de Estado (OE) perceber, junto dos autarcas, das populações o que é que é preciso fazer”.
“Esse é que era o trabalho verdadeiramente importante”, sublinhou.
O primeiro-ministro, Luís Montenegro, inicia hoje à noite uma viagem a Nova Iorque, onde irá participar na Assembleia-geral das Nações Unidas, depois de ter encurtado de quatro para dois dias a duração dessa deslocação.
Pedro Nuno Santos considerou que as reuniões que tem realizado com os autarcas afetados pelos incêndios e a visita ao terreno “foram muito importantes” para o PS perceber “o que é que vinha de trás e correu bem e que é preciso continuar e também aquilo que não correu bem neste combate aos incêndios”.
Pedro Nuno Santos afirmou que hoje percebe “melhor que houve falhas às quais é preciso dar respostas”, como a de o Governo ter informação sobre as alterações climatéricas na quinta-feira e “o alerta às populações ter sido dado apenas no domingo”.
“E isto é muito importante, porque quando se consegue alertar com tempo as populações para as alterações climatéricas isso permite também acautelarmos um conjunto de ações de risco, apontou.
O secretário-geral do PS indicou ainda as perguntas que o partido quer colocar ao Governo social-democrata, como o porquê de haver estradas encerradas “após os incêndio” e “alguns cidadãos terem colocado as suas vidas em risco”.
Também quer questionar a ministra da Administração Interna sobre a sua ausência, já que disse ter ouvido “vários autarcas nestes dois dias que se sentiram abandonados” e isso “é obviamente inaceitável, incompreensível”.
Ao primeiro-ministro, o líder do maior partido da oposição quer dizer que o tema dos incêndios “é muito mais do que um tema de polícia, é um tema de prevenção, de combate” e, sobre isso, disse não ter ouvido “uma única palavra”.
Pedro Nuno Santos apontou a reforma florestal, a gestão da floresta, o cadastro simplificado, “que está em curso e há necessidade de acelerar”, o destino que se deve dar às terras e a sua rentabilização, o povoamento do interior e as alterações climáticas como os temas de prevenção a incêndios.
“Não ouvimos uma única palavra do senhor primeiro-ministro sobre todos estes temas e, isso sim, é preocupante, porque vivemos hoje num tempo em que os incêndios se tornaram num desafio muito maior do que foi no passado, as alterações climáticas vieram mudar completamente a forma como nós vivemos e vivenciamos estes fenómenos naturais”, considerou.
E, para isso, “implicaria que o Governo desse uma centralidade à prevenção, ao tema dos fogos rurais que não tem dado” e ao longo dos meses, desde que tomou posse, “não foi tema” no meio de “tantos planos e ‘powerpoints’ apresentados, “os fogos deixaram de ser centralidade para este Governo”.
Pedro Nuno Santos esteve em reunião com os autarcas eleitos pelo PS do distrito de Viseu afetados pelos incêndios da última semana como o anfitrião de Mangualde e ainda os Municípios de Carregal do Sal, Cinfães, Penalva do Castelo, Resende, São Pedro do Sul e Vila Nova de Paiva.