Presidente da Liga dos Bombeiros pede demissão da coordenação técnica operacional
O presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, António Nunes, reclamou hoje a demissão dos responsáveis pela coordenação técnica operacional na sequência das três mortes de bombeiros de Tábua, afirmando que o sistema falhou.
Três bombeiros da corporação de Vila Nova de Oliveirinha morreram na terça-feira quando se deslocavam para um incêndio rural junto à aldeia de Vila do Mato, na freguesia de Midões, no concelho de Tábua, distrito de Coimbra.
Em declarações após a missa fúnebre do bombeiro João Silva, da corporação de São Mamede de Infesta (Matosinhos) que morreu no domingo em Oliveira de Azeméis, António Nunes, sem nunca citar nomes ou cargos, apontou o dedo a quem considera serem os responsáveis.
“Se nós aceitamos um determinado modelo temos de tirar as consequências desse modelo”, começou por dizer o responsável da Liga, logo depois deixando uma garantia: “Se me acontecesse aquilo que está a acontecer imediatamente ter-me-ia demitido perante a morte de três bombeiros (…) que morreram queimados”.
Defendendo que estes quatro bombeiros “representam aquilo que de mais nobre há, que é a vida e que perderam a vida”, António Nunes insistiu que perante esta circunstância [da morte] não se “pode ter nenhuma dúvida sobre o que fazer”.
“Se o sistema falhou alguém tem de tirar essas conclusões. Eu saberia tirá-las”, reiterou.
Questionado se estava a pedir a demissão da ministra da Administração Interna, Margarida Blasco, respondeu: “Não estou [a falar] ao nível político. Estou a falar ao nível daquilo que é a coordenação técnica operacional, não ao nível político”.
“A Liga dos Bombeiros nunca deve discutir as questões políticas. Estamos a falar, exatamente, do sistema”, esclareceu.
A Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) contabilizou cinco mortos nos incêndios, não juntando as duas pessoas que morreram de morte súbita durante os fogos.
Cerca 120 pessoas ficaram feridas, das quais 10 em estado grave, devido aos incêndios que atingem desde domingo as regiões Norte e Centro do país, nos distritos de Aveiro, Porto, Vila Real, Braga e Viseu.
A área ardida em Portugal continental desde domingo ultrapassa os 106 mil hectares, segundo o sistema europeu Copernicus, que mostra que nas regiões norte e centro, já arderam perto de 76 mil hectares.
O Governo declarou situação de calamidade em todos os municípios afetados pelos incêndios nos últimos dias.
Hoje, às 13:30, a ANEPC registava 127 ocorrências, envolvendo mais de 5.400 operacionais, apoiados por 1.700 meios terrestres e 25 meios aéreos.