Câmara de Lisboa aprova recalendarização do festival Kalorama de agosto para junho de 2025
A Câmara de Lisboa aprovou hoje a alteração das datas do festival de música Kalorama para a edição deste ano, antecipando a sua realização para 19, 20 e 21 de junho, em vez de agosto, após pedido da promotora.
“Constatou-se que a realização do festival em finais do mês de agosto de 2025 oferece constrangimentos no que respeita à reduzida disponibilidade de artistas disponíveis para integrar o ‘cartaz’, diminuindo assim a possibilidade de escolha das melhores opções, com potencial da qualidade e diversidade da oferta que se pretende proporcionar ao público-alvo”, lê-se na proposta subscrita pelo vereador da Estrutura Verde, Ângelo Pereira (PSD), e apresentada em reunião privada do executivo municipal.
A proposta altera o protocolo celebrado em 2024 entre o município de Lisboa e a Kalorama Festival Unipessoal, LDA, que previa que a 4.ª edição do MEO Kalorama, em 2025, se realizasse entre 28 e 30 de agosto, no Parque da Bela Vista, modificando a calendarização do evento para 19, 20 e 21 de junho de 2025.
Esta alteração foi pedida pela Kalorama Festival Unipessoal, LDA, “com vista ao sucesso a 4.ª edição do festival”, com o município a reconhecer à promotora o direito de denúncia do protocolo, “caso a realização do mesmo venha a ser considerada contrária à sua estratégia de negócio”.
A recalendarização do evento foi aprovada pelo executivo municipal, com os votos contra de BE, Livre e Cidadãos Por Lisboa (eleitos pela coligação PS/Livre), a abstenção de PS e PCP, e os votos a favor da liderança PSD/CDS-PP (que governa sem maioria absoluta), indicou à Lusa fonte oficial da câmara.
Além de alterar as datas do festival, a proposta determina que a 4.ª edição do evento é precedida de um período de montagens de 26 de maio a 18 de junho, sucedido da realização do evento e do subsequente período de desmontagens, até 06 de julho, “totalizando assim uma afetação parcial do espaço até um máximo 41 dias”, no Parque da Bela Vista.
Entre os fundamentos para que o festival não se volte a realizar em agosto está a indicação de que este mês se trata de “uma época estival por excelência, com diminuição do público nacional e, em concreto, de habitantes da cidade, o que se traduz numa menor adesão do público ‘target’”.
De acordo com a proposta da liderança PSD/CDS-PP, a dinamização deste festival assume relevância para a promoção cultural e divulgação do nome e da imagem da cidade de Lisboa e de Portugal, pelo que é do interesse do município “garantir que a 4.ª edição do evento exponencie estes desideratos e objetivos, o que melhor se coadunará com a realização da 4.ª edição do mesmo no mês de junho”.
Outro dos pontos da proposta é relativo à atribuição, por parte do município de Lisboa, de apoios não financeiros, incluindo a isenção do pagamento de taxas municipais, para a realização da edição deste ano do festival Kalorama, num valor total estimado de 988.579 euros.
Esse ponto, que terá ainda de ser submetido à assembleia municipal, foi aprovado com os votos contra de PCP, Cidadãos Por Lisboa, BE e Livre, a abstenção do PS, e os votos a favor da liderança PSD/CDS-PP, tendo existido um empate, que foi resolvido com o voto de qualidade do presidente da câmara, Carlos Moedas (PSD), informou fonte do município.
O valor total de 988.579 euros inclui 511.687 euros de taxas municipais a isentar (506.174 euros para ocupação temporária de espaços verdes, 1.243 euros para recinto improvisado e taxa administrativa, emissão de licença e vistoria e 4.269 euros para licença especial de ruído), assim como estimativas quanto aos consumos de energia e água, de 36.260 euros, e quanto a bens, serviços e meios humanos disponibilizados pela câmara, de 440.750 euros, segundo a proposta a que Lusa teve acesso.
A este propósito, os vereadores de PCP, Livre, BE e Cidadãos Por Lisboa têm criticado a liderança PSD/CDS-PP por continuar a apoiar grandes eventos privados e lucrativos, como o festival de música Kalorama, com isenções das taxas municipais.