Ciclista Luís Costa "frustrado e desanimado" com perda de bronze paralímpico
O ciclista Luís Costa mostrou-se hoje “frustrado” com a desclassificação dos Jogos Paralímpicos Paris2024, que o obriga a devolver o bronze, reafirmando a convicção de que o resultado positivo por doping se deve à contaminação de um suplemento.
“Sinto-me frustrado e desanimado com tudo isto. Sou uma das pessoas que mais fala contra o doping. A minha carreira foi por água abaixo”, afirmou o atleta à agência Lusa, garantindo que não tomou qualquer substância proibida.
Luís Costa, de 51 anos, admite que o resultado positivo para clortalidona, um diurético - que acusou durante a competição e foi confirmado pela contra-análise –, pode ser devido “à contaminação de um dos muitos suplementos” que tomou.
“Não tomei nada conscientemente, não tomei qualquer diurético”, garantiu o ciclista, que foi medalha de bronze na prova de contrarrelógio de ciclismo de estrada da classe H5 nos Jogos Paralímpicos Paris2024.
Luís Costa, de 51 anos, disse à Lusa ter assinado a sanção de desclassificação dos Jogos Paris2024, e assumiu: “Não vou recorrer, fui aconselhado por um especialista em direito do desporto. O recurso seria um processo moroso, dispendioso e com poucos efeitos práticos”.
O ciclista algarvio, que era o atleta mais velho da comitiva portuguesa em Paris2024, faz depender o futuro da sua carreira de uma eventual suspensão da União Ciclista Internacional (UCI), que, entretanto, já foi notificada da decisão de desclassificação anunciada pelo Comité Paralímpico Internacional (IPC).
“Caso haja suspensão, se ela for de dois anos, poderei competir no final de 2026, e aí ainda tentarei ir aos Jogos Los Angeles2028, se conseguir manter o nível competitivo. Se for mais tempo, já não sei”, assume.
Num comunicado divulgado em 18 de dezembro, o IPC anunciou que devido ao resultado positivo, entretanto confirmado pela contra-análise, “os resultados do atleta obtidos nos Jogos Paralímpicos Paris2024 são anulados, juntamente com todas as consequências resultantes (incluindo a perda de quaisquer medalhas, pontos e prémios)”.
O organismo que tutela o desporto paralímpico indicou ainda que irá “encaminhar o caso para a União Ciclista Internacional (UCI), a quem cabe decidir a aplicação de eventuais sanções”.
A retirada da medalha, conquistada numa prova em que o português ficou atrás do neerlandês Mitch Valize e do francês Loic Vergnaud, ouro e prata, respetivamente, e à frente do chinês Qiangli Liu (quarto), diminui de sete para seis o número de pódios conquistados por Portugal nos Jogos Paralímpicos Paris2024.
Contactado pela agência Lusa, o Comité Paralímpico de Portugal confirmou ter sido notificado pelo IPC da decisão de desclassificar o ciclista, esclarecendo que o total de medalhas conseguidas por Portugal em 12 participações em Jogos Paralímpicos desce de 101 para 100.