
Novo balanço de violência regista 1.614 civis mortos
O número de civis mortos "em execuções sumárias" e "operações de liquidação" na crise de violência na Síria aumentou para 1.614, indicou hoje o último balanço do Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH).
A organização não-governamental (ONG), que tem documentado crimes de guerra e violações dos direitos humanos desde o início da guerra civil na Síria, em 2011, indicou que o número pode aumentar, uma vez que há "um grande número de pessoas desaparecidas".
O OSDH assinalou, por outro lado, que os familiares das vítimas que se encontram nos hospitais das províncias costeiras ainda não receberam os corpos.
No total, "as baixas civis e militares aumentaram para 2.146" durante a operação de segurança lançada, no início de março, pelas novas autoridades de Damasco, em resposta aos ataques de grupos alauitas, o ramo do Islão xiita seguido pelo presidente deposto Bashar al-Assad e outros responsáveis do regime que caiu em 08 de dezembro de 2024.
"Entre os mortos estão 273 membros das forças de segurança e pessoal do Ministério da Defesa, e 259 membros da milícia alauita", detalhou a ONG, sediada no Reino Unido e que conta com uma ampla rede de colaboradores na Síria.
"A mobilização sectária na Síria representa uma ameaça real para o tecido social e para a paz civil, pois alimenta divisões e abre as portas a atos destrutivos de vingança", alertou o OSDH.
A organização criticou ainda "as condições de vida nas zonas costeiras e montanhosas", avisando que "se degradaram devido à escassez de alimentos e às necessidades básicas", enquanto "milhares de civis saíram de casa em fuga dos assassínios e crimes cometidos contra os alauitas".
Os crimes ocorreram após grupos leais a Assad terem emboscado e morto dezenas de membros das forças de segurança das novas autoridades de Damasco.
Outras organizações têm um número menor de vítimas, com o Gabinete de Direitos Humanos da ONU a identificar até ao momento 111 assassínios.
A Rede Síria pelos Direitos Humanos (SNHR) conseguiu até agora verificar as mortes de 803 pessoas, incluindo civis e combatentes pró-Governo e pró-Assad.
Os dados do SNHR indicam a morte de pelo menos 172 membros das forças de segurança de Damasco e 211 civis, enquanto os militares da nova administração síria mataram 420 pessoas, incluindo civis, combatentes desarmados, 39 crianças, 49 mulheres e 27 profissionais de saúde.
à crise de violência sectária na Síria é a pior desde a queda do regime de Bashar al-Assad, que fugiu para a Rússia em 08 de dezembro do ano passado, no seguimento de uma operação militar de uma coligação rebelde de inspiração islamita, liderada por Ahmed al-Charaa, atual Presidente de transição.