
Beira Interior muito preocupada com eventual aumento das taxas dos EUA sobre os vinhos
O presidente da Comissão Vitivinícola Regional da Beira Interior (CVRBI) disse hoje estar “muito preocupado” com a eventual imposição de taxas de 200% sobre os vinhos europeus por parte dos Estados Unidos da América (EUA).
“Estamos muito preocupados com essa medida, que esperamos que não avance, tal como tem acontecido com outros países e setores. Os Estados Unidos são o nosso terceiro mercado de exportação e isso, a acontecer, vai criar-nos obviamente problemas muito graves”, disse Rodolfo Queirós à agência Lusa.
O Presidente dos EUA ameaçou na quinta-feira com taxas de 200% sobre champanhe e vinho e outras bebidas destiladas da União Europeia (UE) para contrabalançar as taxas comunitárias face ao whisky americano.
O presidente da CVRBI, sediada na Guarda, adiantou que atualmente a Beira Interior exporta cerca de 200 mil garrafas de vinhos para o mercado norte-americano, gerando cerca de “meio milhão de euros de receitas”.
“Em termos de preço médio, os Estados Unidos, a par do Canadá e dos países nórdicos, são os que pagam melhor os vinhos, ou seja, estão dispostos a pagar a preços mais elevados, pelo que será uma preocupação acrescida para os nossos produtores”, revelou.
O presidente da CVRBI lembrou que Portugal exporta “muito vinho” para os Estados Unidos e alertou que, “com taxas desse tipo, é quase um fechar de portas” para os vinhos portugueses, que terão de encontrar outros mercados, “o que não é fácil na conjuntura atual”.
Além disso, a medida vai “criar pressão em termos de quantidades e de preços, uma vez que afetará os vinhos europeus, onde a concorrência é enorme com países como a França, Itália, Espanha e até mesmo a Alemanha”, alertou Rodolfo Queirós.
“Qualquer pessoa de bom senso percebe que as taxas não são boas para ninguém, mas neste momento a política que temos é esta e vamos ter que, dentro do possível, fazer a pressão que nos couber, em termos de CVRBI, junto do IVV, da ViniPortugal e do Governo para que isso não se concretize”.
Com vários produtores a exportar para os Estados Unidos, a CVRBI estima que o mercado norte-americano represente um terço das suas exportações.
“No total, as exportações representam 28 por cento das nossas vendas globais. São entre 600 mil a 700 mil garrafas e, dessas, 200 mil foram vendidas para os Estados Unidos, o que já é um número significativo”, indicou.
Segundo a CVRBI, o volume de vendas de vinhos da Beira Interior cresceu 13 por cento em 2024, face a 2023.
“São quase cinco milhões de garrafas, dessas, 600 mil a 700 mil foram para exportação, porque temos feito um esforço para procurar novos mercados e internacionalizar os nossos produtores”, realçou Rodolfo Queirós.
A CVRBI, com sede na Guarda, no Solar do Vinho, abrange as zonas vitivinícolas de Castelo Rodrigo, Pinhel e Cova da Beira, nos distritos de Guarda e de Castelo Branco, que correspondem a uma área de 20 municípios, onde se contabilizam cerca de 70 produtores de vinho, sendo quatro adegas cooperativas e os restantes produtores particulares.