Última Hora
Pub

Comunidade Intermunicipal Viseu Dão Lafões vai harmonizar os sabores do território num “casamento” que só pode ser feliz

Em entrevista, Nuno Martinho, secretário executivo da Comunidade Intermunicipal Viseu Dão Lafões, leva os leitores do Diário de Viseu numa viagem pelo território feita de sabores, saberes, experiências e descobertas. Uma viagem que pode ser iniciada no stand da CIM na BTL e depois verdadeiramente sentida numa visita a esta território marcado pela diversidade

Como é que a CIM Viseu Dão Lafões vai estar este ano na Bolsa de Turismo de Lisboa?
A A região vai ter, mais uma vez, uma presença onde junta os 14 municípios que compõem a comunidade intermunicipal. Estamos, pelo quarto ano consecutivo, com um stand próprio, o que é, fundamentalmente, resultado, da maturidade do nosso trabalho, que temos vindo a fazer em conjunto há muitos anos, desde logo com os nossos municípios.

Um trabalho também obviamente, articulado estratégica e operacionalmente a Entidade Regional da Turismo Centro de Portugal e da Agencia de promoção externa e, também, a CVR do Dão e todos os agentes privados da restauração, do alojamento e das empresas de ativo, aqui, também, com um trabalho muito próximo com a AHRESP, nomeadamente no domínio da capacitação os agentes privados e na qualificação da nossa oferta da restauração e do alojamento.Vamos ter uma presença onde, mais uma vez, procuramos reforçar os nossos principais atributos, os nossos produtos turísticos integrados, desde logo o turismo de natureza, com foco nas ecopistas do dão e do vouga, com mais de 115 quilómetros contínuos de Walking e Cycling , que nos permite reforçar a estruturação de um produto compósito de turismo de natureza, com os percursos pedestres, os circuitos de trail, os circuitos BTT.

Depois, obviamente, também com uma presença forte no domínio da saúde e o bem-estar, um outro produto turístico que temos vindo a trabalhar com os municípios e as associações do setor, tendo em conta que a região vale 50% do país, do ponto de vista do termalismo e do produto turístico de saúde e o bem-estar.

Vamos, igualmente, reforçar e ter uma presença no domínio da nossa oferta cultural, patrimonial e dos eventos. Com os municípios a terem a oportunidade de apresentarem os eventos da nossa região, com enfoque naqueles que têm capacidade de escala, que têm a notoriedade e capacidade de atração turística.

A essa oferta a CIM junta uma montra gastronómica. É também um cartão de visita?
Sem dúvida. A nossa gastronomia e os nossos vinhos, estarão sempre presentes nestas montras e nestas feiras, porque também é referido e está provado, que é pela boca e pelo estômago, muitas vezes, que os turistas circulam pelos territórios. E, nesse sentido, vamos ter também uma forte presença gastronómica onde contamos com o nosso chefe estrela Michelin, o Diogo Rocha, que vai fazer uma degustação logo no primeiro dia.

Mas, na verdade, e como tem acontecido nas edições anteriores, vamos ter durante os cinco dias da feira e com a presença dos municípios, uma presença forte daquilo que são os nossos principais produtos endógenos, desde logo a vitela de lafões, o cabrito, o frango do campo, a nossa doçaria, os nossos enchidos, harmonizado com os nossos vinhos. Há quatro anos a CIM apresentou-se pela primeira vez na BTL com os 14 municípios.

Foi em 2022 que nos apresentámos pela primeira vez com um stand próprio que serviu de umbrela ao território. Considero que a CIM tem vindo, ao longo dos últimos anos, a fazer um trabalho muito sustentado, um trabalho que tem vindo a ser feito pelos alicerces e que tem tido três principais verticais. Desde logo, a questão da estruturação do produto turístico e a combinação cruzada entre os vários produtos turísticos, aquilo que ainda há pouco falei: o turismo de natureza, saúde e bem-estar, cultura, património e eventos e depois o produto gastronomia e vinhos.

E, obviamente, aquilo que mais nos diferencia, que é a arte de bem receber, a autenticidade das nossas gentes. Portanto, a primeira camada de trabalho foi a estruturação do produto, a diversificação desta oferta que, para nós, é uma oportunidade e, depois, a combinação cruzada entre os vários produtos para também aumentar a estada média dos nossos hóspedes na região. A segunda camada de trabalho, e temos vindo a fazê-lo, tem a ver com a capacitação do sistema turístico. Fizemos um trabalho com os nossos privados, do alojamento, da restauração, tendo a AHRESP também aqui como nosso principal parceiro. E temos sido até, inclusivamente, um farol para o País naquilo que à capacitação e à qualificação da nossa oferta diz respeito. Lembro que fomos a primeira região do país a fazer o programa de gastronomia e seleção, a seguir à região do Lisboa, e fomos a região-piloto no programa Best Wine Selection. Além de toda a capacitação que fizemos aos agentes económicos que estão à volta da Rota dos Vinhos do Dão.

E a última camada de trabalho tem muito a ver com a questão da comunicação e da notoriedade do destino e da marca Viseu Dão Lafões. Tendo tudo isso em conta, obviamente, que faz todo o sentido que a comunidade intermunicipal e a região apareçam nesta estruturação de produto conjunta na Bolsa de Turismo de Lisboa com os seus 14 municípios.

Nuno Martinho 1
Nuno Martinho reconhece o trabalho que tem sido feito na estruturação do produto turístico e na combinação cruzada entre os vários produtos existentes no território

Portanto, é a estratégia correta?
Acredito que sim, que é a estratégia correta porque a nossa aposta ao longo dos últimos anos tem sido trabalhar os produtos turísticos de base intermunicipal, numa perspetiva de ter ganhos de escala, de complementariedade e que faça os turistas circular pelo território. Nós só aumentamos a estada média na nossa região se fomos capazes de pôr o turista a circular pelo território, ir às termas, visitar quintas de enoturismo, provar o vinho do dão, visitar as nossas queijarias, em Penalva do Castelo ou em Mangualde e andar na nossa ecopista. É esta complementariedade da nossa oferta que devemos promover e só o promovemos também se tivermos uma presença conjunta com os 14 municípios na Bolsa de Turismo de Lisboa.

Os últimos números em termos de hóspedes são a prova desse trabalho em conjunto?
Sem dúvida que sim. Os últimos números também nos dizem que temos vindo a trazer mais hóspedes ao território. Nós somos em 2024, a região do país que mais cresceu em termos do número de hóspedes. Crescemos mais de 14% quando o país cresceu cerca de 5%. Mas também crescemos cerca de quase 11% em número de dormidas. Portanto, relativamente a isso tem sido um ano bom para o turismo da nossa região. E de facto revela que temos tido a estratégia correta. Mas volto a dizê-lo, estes números são fruto de uma estratégia integrada e articulada, onde obviamente está a Comunidade Intermunicipal, estão os nossos municípios, a Entidade Regional do Turismo do Centro de Portugal e a Agência de Promoção Externa e estão, fundamentalmente, os privados, do alojamento, da restauração, do ativo, do comercio local que é para eles que trabalhamos todos os dias e para a atividade económica do território.

A presença, pela primeira vez, de operadores privados no stand da CIM na BTL é o reconhecimento do seu papel no território?
Sem dúvida que é. Não só o reconhecimento do papel que têm no crescimento do nosso território, em termos turísticos, mas também uma forma de lhes dar a oportunidade de estarem na maior montra de turismo nacional onde podem apresentar os seus projetos e as suas ofertas. Nós hoje vimos, também, do ponto de vista do privado uma grande pujança da região, com novos restaurantes a surgir, novos chefes a terem projeção nacional, com novos espaços de hotelaria que abrem todos os anos, de quatro e de cinco estrelas e portanto, isso é um bom sinal também da pujança da atividade turística do nosso território.

"Aquilo que mais nos diferencia é a arte de bem receber, a autenticidade das nossas gentes"

Então, o que é que o visitante pode esperar este ano no stand da CIM Viseu Dão Lafões?
Este ano vamos ter uma presença com algumas novidades, desde logo uma que consideramos essencial, principalmente nos primeiros três dias de feira e que é como já referi a presença dos nossos operadores. A BTL é fundamentalmente nos primeiros três dias para o negócio, para os profissionais e operadores e, nesse sentido, nós este ano vamos levar os operadores, da hotelaria, da restauração, do enoturismo, sempre que tenham, obviamente, produtos e serviços para vender.

Vamos levar as nossas termas, as quintas do enoturismo e, portanto, vamos ter também, uma grande diversidade de operadores que vão estar desde quarta-feira a domingo, mas com uma presença mais forte nos primeiros três dias, que é de facto o período da feira destinado a profissionais e a negócio. A BTL também tem de ser para isto, para fazer negócio, tem de ser para a atividade económica, para os operadores da nossa região terem igualmente a oportunidade de vender dormidas, de vender serviços. E por isso desafiámos os operadores do nosso território para esta presença em conjunto e estamos muito satisfeitos com a participação deles.

E eles aceitaram o desafio?
Aceitaram. E a prova é que vamos ter vários espaços ocupados nas boxes que criámos para o efeito no stand de Viseu Dão Lafões durante estes dias.

E o que se pode esperar mais de uma comunidade que habituou os visitantes da BTL a sabores únicos e saberes ancestrais que se mantêm vivos no território?
Vamos ter o que é normal também sempre em todas as feiras. Vamos ter espaço para os municípios mostrarem os seus eventos, a sua cultura, o seu património. Vamos também fundamentalmente ter várias degustações ao longo dos vários dias porque, como referiu, já habituámos os visitantes a isso, mas este ano com uma preocupação acrescida. Ou seja, só valorizamos os nossos produtos endógenos e a sua autenticidade, e muitos deles são produtos DOP, se valorizarmos essa mesma degustação e essa mesma experiência. E para isso, vamos ter o que nós chamamos, tertúlias gastronómicas e vínicas que acontecem nos espaços de degustação e onde um enólogo irá explicar m vinho de determinada casta do Dão ou de Lafões. Explicar porque é que somos o berço da touriga nacional? Porque é que temos a casta encruzado?

Com o que é que, do ponto de vista da gastronomia se casa um encruzado? Portanto, uma explicação, também, daquilo que estamos a provar e a degustar. Como é que é feita a harmonização entre um vinho e a vitela de Lafões? O queijo Serra da Estrela, a história das ovelhas bordaleiras, o trabalho dos nossos pastores. Só desta forma valorizamos os nossos produtos e quem nele trabalha todos os dias.Vamos ter, assim, mais degustação, mais apontamentos ao longo dos dias, mas mais episódicas no sentido também de valorizar a nossa gastronomia, os nossos produtos e fazendo aquilo que também já fizemos no passado e que é esta combinação entre os vários municípios que estão naquele dia presentes na BTL. Uns têm a doçaria, outros têm enchidos e os outros têm o vinho. Assim, esta combinação entre os produtos dos diversos municípios vai ser uma tónica na BTL.

Uma combinação que os operadores privados podem reforçar com as suas ofertas? Afinal, também eles conhecem muito bem o território, as suas riquezas.
Sem dúvida. A grande novidade deste ano é a presença dos operadores porque eles é que estão no terreno, espalhados pelo território e são eles a grande maioria das vezes o primeiro rosto desta região. Quando pensámos em os convidar, ainda ponderámos ter um espaço, no último pavilhão da BTL onde estão instalados todos os operadores. Depois, entendemos, que presentes no stand da CIM, em conjunto com os municípios, podemos garantir uma apresentação mais integrada do nosso território. Até porque as pessoas chegam ao nosso stand e perguntam como podem ir visitar a região, onde é que podem dormir, o que é que podem visitar, que experiências podem ter. E os operadores podem dar respostas mais completas sobre o território e aproveitam ao mesmo tempo para se promoverem.

A CIM é, como o Dr. Fernando Ruas costuma dizer, o coração no Centro de Portugal. Um município não se afirma sozinho, também uma CIM não pode ficar fechada dentro das suas fronteiras. Como é que é feita essa relação para fora deste território?
Essa comunicação compete ao Turismo Centro de Portugal e tem-no vindo a fazer muito bem ao longo dos últimos anos, com aquilo que tem sido o crescimento do Centro de Portugal no País, quer no mercado interno, quer no mercado interno alargado. E portanto, aqui, essa camada da marca umbrella Centro de Portugal é trabalhada pelo Turismo Centro de Portugal, sendo que depois debaixo desta umbrella, cada uma das sub regiões tem a sua marca. Assim, também aí, tem havido um trabalho de complementariedade. E nós temos vindo a participar em vários projetos, inclusivamente conjuntos. Ainda agora tivemos na FITUR, numa presença conjunta com as nossas regiões fronteiras, com a CIM de Coimbra, com a CIM Beiras e Serra da Estrela e com a CIM de Leiria, onde tivemos a oportunidade de mostrar aquilo que estas regiões têm e também falar de projetos conjuntos que temos desenvolvido nestes territórios.

Um desses grandes projetos é o projeto das estradas com história, com a EN 16, que vai de Ílhavo/Aveiro a Vilar Formoso e que acredito que vai ser um grande gancho de atração de turistas Lembro-me que, no que refere por exemplo ao Walking e ao Cycling, existe a Ecovia do Mondego que entronca na nossa Ecopista do Dão, na estação do Vimeiro, em Santa Comba Dão. Mas a comunicação desta complementaridade da oferta compete ao Turismo Centro de Portugal que o tem vindo a fazer nos últimos anos e muito bem. E os números do Centro de Portugal também falam por si.

Março 12, 2025 . 16:15

Partilhe este artigo:

Junte-se à conversa
0

Espere! Antes de ir, junte-se à nossa newsletter.

Comentários

Seguir
Receba notificações sobre
0 Comentários
Feedbacks Embutidos
Ver todos os comentários
Fundador: Adriano Lucas (1883-1950)
Diretor "In Memoriam": Adriano Lucas (1925-2011)
Diretor: Adriano Callé Lucas
94 anos de história
bubblecrossmenuarrow-right