
Aristides de Sousa Mendes: uma réstia de esperança no mundo
“Ser consciência...30/1000 por 1VIDA” – Caminhos da Memória” é o título da exposição de tributo aos feitos de Aristides de Sousa Mendes que pode ser visitada em Viseu. E como não podia deixar de ser, estes caminhos, que se iniciaram em 2020, começam no Agrupamento de Escolas de Carregal do Sal pela paixão da docente e artista plástica Josefa Reis, no âmbito do projeto UNESCO “Dever de Memória – Jovens pelos Direitos Humanos”.
Em coorganização com o artista plástico Victor Costa, de Coimbra, e com o apoio da autarquia de Carregal do Sal, Fundação Aristides de Sousa Mendes e, mais recentemente, da Fundação Dionísio Pinheiro e Alice Cardoso Pinheiro, esta exposição pretende sensibilizar para os valores da solidariedade e respeito pelos Direitos Humanos, numa perspetiva de educação para a paz; desenvolvera consciência de uma cidadania responsável, crítica e participativa, alertar para o perigo os extremismos políticos, do racismo e da xenofobia.
“Exaltar os valores de coragem e de compaixão”
Construída por pintura, escultura, desenho, instalação artística, caricatura, cartoon e contributos literários, esta mostra pretende, como sublinhou o presidente das Freguesia de Viseu, “exaltar Aristides de Sousa Mendes” e nele “assinalar os valores da coragem, da justiça e da compaixão”.
“Exaltar Aristides de Sousa Mendes é fazer ecoar na história, um ato de resistência moral, que permitiu a largos milhares de judeus, opositores ao nazismo e vítimas de perseguição, fugirem à barbárie e encontrarem um porto seguro”, afirmou Diamantino Santos na sessão de inauguração, segunda-feira ao fim do dia na Pousada de Viseu, onde esta pode ser visitada até 30 de abril.
Considerando que “Aristides de Sousa Mendes é alguém muito especial na nossa história e naquilo que fez pela Humanidade”, o autarca reconheceu que o “heroísmo de Aristides de Sousa Mendes é plenamente consciente que, por ter contrariado as diretrizes do regime vigente e pelas suas consequências potencialmente nefastas, é imbuído de um valoroso espírito humanista sem precedentes”.
“A mais linda história do século XX”
Presente, como também não podia deixar de ser, o presidente da Câmara Municipal de Carregal do Sal, apaixonado pela causa Aristides de Sousa Mendes, considera-a “a mais linda história do século XX”.
“O altruísmo com que este homem, sabendo todas as consequências que do seu ato iriam advir, fez tudo o que fez, num ato de perfeita humanidade, mas sobretudo de dignidade humana para dar aquelas pessoas que o que tinham era um campo de concentração à espera”, sublinhou o autarca, reconhecendo que “a exposição, com as diversas formas artísticas de ler Aristides de Sousa Mendes, é um motivo de grande felicidade ”.
Reconhecendo que “todos somos chamados a dar-lhe a voz para que mais gente conheça o projeto de Aristides de Sousa Mendes, para que mais gente conheça a sua história”, Paulo Catalino Ferraz lembra que “neste tempo que vivemos é preciso uma réstia de esperança, é preciso acreditar em algo”.
“E a história de Aristides de Sousa Mendes é inspiradora, é uma réstia de esperança que se abre num mundo tão marcadamente egoísta, pela luta de poderes”, sublinhou o autarca, lembrando “que o museu em Cabanas de Viriato está magnífico e que a exposição não lhe fica atrás”.
Em representação da Câmara Municipal de Viseu, a vereadora da Cultura, Leonor Barata, falou da importância da cultura para olhar o mundo. “As coisas essenciais continuam a ser essenciais, o amor, a generosidade, a empatia, os valores que estão presentes nesta exposição e são também os valores da atividade artística”, sublinhou.
Por sua vez, Maria João Marques, diretora do Agrupamento de Escolas de Carregal do Sal, sublinhou o trabalho feito em equipa que junta docentes de História e de Artes, “estas que são uma forma muito bela para expressar sensações, valores a história a vários níveis, neste caso de Aristides de Sousa Mendes”.
“Seria impensável uma escola no concelho de Carregal do Sal que não tivesse Aristides de Sousa Mendes no seu projeto educativo, nas suas atividades principais. Seria uma escola muito pobre e, moralmente tanto a escola como o município tem este dever de memória e este dever de uma parceria que permita educar os nossos jovens para os valores humanos cada vez mais importantes”, concluiu , adiantando que “a escola é, hoje, mais do que português e matemática, e tem de ser uma escola de valores que prepare os jovens para um mundo cada vez mais desafiante e difícil”.