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“É dia de exaltar a nossa identidade porque ser paivense tem de ser um orgulho”
O Dia do Município é o momento ideal para exaltar a identidade paivense e unificar o território?
É um dia para exaltar a nossa identidade. Continuo a pensar da mesma forma porque é um dia que tem de ser celebrado de uma forma especial e temo-lo feito, porque juntamos ao dia um espetáculo no nosso auditório para celebrar a data, porque não pode ser um feriado normal. Não pode ser só a missa e as condecorações, tem de ser algo mais, e por isso nós tentámos sempre melhorar o programa para dar mais importância ao evento, porque ser paivense tem de ser um orgulho para todos e há que ter essa noção, de sentir que este é o nosso dia e temos de ter orgulho nele. É certo que nunca se consegue unir toda a gente no mesmo objetivo, porque o que mais queremos é desenvolver a nossa terra, nos setores da educação, na saúde, habitação, áreas sociais, queremos cada vez mais desenvolvimento na nossa terra, mas nunca há unanimidades, há sempre gente que acha que as coisas devem ser feitas de uma forma e outros que entendem que deve ser de outra, mas isso é normal, em todo o lado é assim. Nunca estamos todos satisfeitos e muito menos em ano de eleições, obviamente.
Mais uma vez, haverá um concerto no auditório com um nome bem conhecido da música portuguesa, André Sardet. O concerto do Dia do Município também já pode ser considerado um evento municipal?
Tentámos e creio que conseguimos habituar as pessoas, ao longo destes quatro anos, a ouvir boa música e artistas de primeira linha a nível nacional. Foi uma novidade desde o início do mandato. Há quatro anos, ninguém acreditaria que os artistas que já trouxemos pudessem atuar em Vila Nova de Paiva. Mas a verdade é que vieram, já tivemos muitos bons artistas a virem ao nosso auditório municipal, um dos melhores do país, e vamos continuar a ter porque achamos que era importante usar os equipamentos que temos, rentabilizar o auditório, com o qual todos os artistas ficam encantados quando cá vêm atuar, e dar boa música e bons espetáculos aos paivenses. Ao mesmo tempo, trazer pessoas dos concelhos vizinhos que gostam de boa música também, porque conseguimos ter um cartaz diferenciado relativamente a tudo aquilo que existe aqui à volta.
Gostaria de ter a requalificação da Casa das Caldeirinhas concluída no feriado?
Isso vai ser impossível, mas a obra está praticamente concluída, falta o recheio, do qual também já estamos a tratar. Vamos ter a casa concluída provavelmente em junho, ainda a tempo de ser inaugurada e utilizada antes das próximas eleições autárquicas. A Casa das Caldeirinhas não vai ser um museu, já temos museus que cheguem no concelho e não será por aí que vamos atrair as pessoas. Vai ser uma casa aberta às empresas, às pessoas que queiram trabalhar num espaço coworking, vai ter duas vertentes, de coworking e de startup, e vai ser rentabilizada em termos empresariais. O investimento neste projeto ultrapassou as nossas expetativas, não naquilo que achávamos que iríamos gastar, porque metemo-nos neste projeto com financiamento zero e arriscámos. Entendemos que era uma estrutura que tínhamos de recuperar, candidatámo-nos um vez e não foi aceite, mas à segunda foi aceite e acabámos a obra com a Casa das Caldeirinhas totalmente paga e financiada a 100%. Foi uma grande aposta da nossa parte porque sabemos que foi um risco grande, mas é para isso que aqui estamos, para arriscar. Esta é a casa mais icónica da vila, os seus vitrais dão um ar especial aqui ao centro da vila. Estava degradada há muitos anos, mas ainda tinha gente a viver lá, e só quando faleceu o último residente é que a câmara comprou o imóvel, há alguns anos já. Quando entrámos, decidimos recuperá-la e vamos fazer lá algo que seja importante para este concelho.
Logo após as comemorações do Dia do Município, a autarquia abre o ciclo de eventos anuais com a Feira do Fumeiro do Touro. Quais são os restantes certames previstos para este ano?
Os nossos eventos, este ano, serão os mesmos do ano passado: a Feira do Fumeiro, o Festival da Truta, as festas da vila, o Festival do Pão, a Feira do Mel e do Artesanato, é quase um por freguesia, não o é porque não temos eventos nos Alhais, que é a única das freguesias antigas a não ter eventos. Na Queiriga, temos o Dia do Emigrante. O que é que nós acrescentámos? As Terras Mágicas, no inverno, e criámos o Barrelas Summer Fest, no verão, o maior festival de música da região.
Ainda continua a defender que os custos associados aos eventos municipais são um investimento e não um custo?
Absolutamente. Vamos ter seguramente na Feira do Fumeiro do Demo milhares de pessoas, à imagem dos anos anteriores, e por isso temos, de ano para ano, investido cada vez mais nesse evento, porque não nos basta ter uma feira, temos de a promover. Nós não entrámos nesta câmara para fazer igual aos outros, temos de fazer mais e melhor, pegando no que temos, no que estava bem feito, mas dando um forte ímpeto. Então melhorámos, aumentámos, crescemos, a Feira do Fumeiro de hoje não tem nada a ver com a que se realizava antes, porque houve uma evolução. Este ano, vamos ter dois dias de grande atividade, quando antes havia apenas um dia normal. Temos um evento musculado, com produtos e produtores certificados.
Um território que tem excelente fumeiro, pão e bôlas de qualidade ímpar e uma das melhores trutas nacionais não deveria ser mais divulgado/promovido em rotas ou cartas gastronómicas das entidades regionais?
Nós temos sempre os nossos fins de semana gastronómicos, em que falamos com os nossos restaurantes para terem uma vez por mês os nossos produtos à disposição de quem nos visita. Os roteiros são feitos por outras instituições, temos o programa da Identidade Alimentar de Viseu Dão Lafões, em colaboração com a ADDLAP, a ADICES, a ADD, a ADRIMAG e a CIM, temos a carta gastronómica com a ADDLAP, temos feito o nosso trabalho em conjunto com os outros municípios, porque nós sempre vimos o nosso concelho integrado na nossa região e no país, não queremos ter uma visão isolacionista do nosso concelho, nunca o fizemos. Somos um concelho pequeno e não seria avisado da nossa parte estarmos isolados, porque queremos abrir-nos ao mundo e estar em conjunto com os outros municípios é sempre vantajoso para todos, até pela qualidade dos nossos produtos. Temos a truta, o mel, o pão, o fumeiro, o nosso cabrito, mas a diversidade faz com que haja alguma dificuldade. Há concelhos que só têm um produto e será mais fácil divulgar apenas um, mas nós temos vários. Temos os nossos produtos que vêm da terra e do cultivo e do suor das nossas gentes, mais do que dos recursos naturais que Deus colocou na terra, nós temos de lutar mais arduamente para termos os nossos produtos.
Entende que o setor empresarial se desenvolveu no território nos últimos quatro anos? O concelho tornou-se mais atrativo para as empresas aqui se instalarem?
Desenvolveu-se, é um facto, mas não tanto como nós queríamos. Temos novas empresas no nosso concelho. Tivemos aqui alguma dificuldade para construir a nossa nova zona industrial, que está no papel e em breve vamos avançar e lançar o concurso, fazer um investimento de alguns milhões de euros, embora já saibamos que vamos ter algumas empresas que se querem lá instalar. Pelo menos, em termos de diplomacia económica e empresarial ela tem sido feita, para tentar atrair investimentos e tentar que eles não fujam do nosso concelho e essa tem sido a nossa luta, tem sido difícil porque há muita morosidade em questões como o estudo de impacte ambiental, que já tinha sido pedido antes de entrarmos e que entretanto foi rejeitado e agora tem de ser feito um novo. Sabemos que há empresas que se querem instalar com unidades industriais já com um porte realmente grande e aproveitámos esse facto para ajustar o plano dessa zona industrial a essas empresas. Na zona industrial de Vila Cova à Coelheira está agora uma empresa a instalar-se, rapidamente vendemos os lotes e agora são os privados que têm de dar o seu ímpeto para lá construírem e aqui estamos a fazer todos os esforços para, ainda durante este mandato, começar o alargamento da zona industrial e começar a captar as empresas, sendo que, se tudo correr bem, dois terços do alargamento que será feito será rapidamente ocupado.