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Governo quer participar em futura fábrica de munições e criar mais de 100 empregos
O ministro da Defesa afirmou hoje que o Governo pretende ter uma participação entre 35 e 51% numa futura fábrica de munições, cujo investimento deverá rondar os 45 milhões de euros e criar "mais de 100 postos de trabalho".
"O que pretendemos é uma participação significativa entre 35% e 51%. A fábrica poderá estar operacional em mais ou menos três anos. O investimento esperado, supõe-se, será à volta de 45 milhões de euros, sendo que também há possibilidades de entregas em espécie, mas com uma criação de mais de 100 postos de trabalho", adiantou Nuno Melo, numa audição na Assembleia da República.
Em resposta a perguntas do PS, Nuno Melo começou por criticar "a forma precipitada" como os socialistas "geriam a coisa pública".
"Nós queremos partir para projetos, mas suficientemente pensados, o que significa que nós não queremos uma fábrica de munições por uma fábrica de munições. Queremos uma empresa que seja capaz de criar munições, gerando lucro para que depois não se transforme num buraco para o Estado", salientou.
O Governo espera uma recuperação do investimento entre cinco a dez anos, "tendo em conta um plano de negócios que está, obviamente, também a ser tratado", adiantou Nuno Melo.
O ministro acrescentou que há um memorando de entendimento que está a ser trabalhado, um grupo técnico a analisar "detalhes logísticos", e projetos a ser elaborados que serão apresentados "a seu tempo".
"O nosso é o tempo que consideramos necessário para não garantirmos buracos ao Estado, porque, infelizmente, o Estado já tem que suportar suficientes buracos que depois geram prejuízo e não receita", completou.
Durante o decorrer da audição parlamentar, PSD e CDS trocaram algumas acusações com os deputados do PS, nomeadamente o atual posicionamento da administração norte-americana face a questões como a guerra na Ucrânia, as relações com a União Europeia ou a pertença à NATO, que levou o PS a interrogar o ministro sobre se ainda via este país como um aliado.
Pelo PSD, a deputada Liliana Reis acusou os socialistas de estarem a questionar a participação de Portugal na Aliança Atlântica, algo que foi refutado pela deputada socialista e ex-ministra Mariana Vieira da Silva.
“Um pouco por todo o mundo se discute a forma como a nova administração dos Estados Unidos tem introduzido mudanças. (…) Em todos os sítios se pode discutir as mudanças geoestratégicas e geopolíticas que se passam neste momento no mundo, exceto na comissão de Defesa. Porque se aqui se discute esse assunto, então acusa-se o PS de estar a mudar de posição”, criticou.
Outro tema que gerou uma troca de argumentos mais acesa entre estes partidos foi a comparação entre atuações deste e do anterior governo na área da Defesa.
O deputado Bruno Vitorino, do PSD, atirou aos socialistas que em 10 meses este executivo “fez mais do que o PS em 100 meses”.
“O mínimo de humildade da vossa parte era ter a capacidade não de ficarem irritados e incomodados com o sucesso deste Governo, porque o sucesso deste Governo é o sucesso do nosso país”, argumentou Bruno Vitorino.
Luís Dias, do PS, defendeu que os socialistas fazem uma “oposição construtiva”, pediu “seriedade” no debate e respondeu que os governos anteriores, chefiados por António Costa, “não fizeram tudo aquilo que deviam ter feito para que a Defesa estivesse melhor do que está hoje” nem o atual Governo fará, “porque nunca ninguém faz tudo”.
Pelo CDS-PP, o deputado João Almeida defendeu que o atual executivo contribuiu para “elevar o debate” sobre matérias de Defesa, acusando os anteriores governos PS de não cumprirem “os mínimos”.
Na sua intervenção final, o ministro da Defesa, Nuno Melo, disse estar orgulhoso do seu trabalho e rejeitou “jogos partidários”
“O senhor deputado verá, se é assim em 10 meses comparado com oito anos, imagine agora quatro”, rematou.