PJ espera extradição rápida para Portugal de fugitivos de Vale de Judeus
Os dois fugitivos da cadeia de Vale de Judeus recapturados em Espanha serão colocados à disposição da Justiça até domingo e a expectativa é que sejam extraditados rapidamente para Portugal, disse hoje o diretor da Polícia Judiciária.
Rodolfo Lohrman, cidadão argentino de 59 anos, e Mark Roscaleer, britânico de 36, foram detidos na quinta-feira em Alicante, no sudeste de Espanha, ao abrigo de um mandado de detenção europeu emitido por Portugal, um instrumento jurídico que é agilizado mais rapidamente do que outros mandados de detenção internacionais, explicou Luís Neves.
O diretor nacional da Polícia Judiciária (PJ), que falava em Madrid, numa conferência de imprensa ao lado do diretor-geral da Polícia Nacional de Espanha, Francisco Pardo Piqueras, afirmou que a expectativa é que esse mandado de detenção europeu seja executado pelas autoridades judiciais espanholas "num curto prazo" e que "nos próximos dias" haja uma decisão de extradição para Portugal, apesar de ambos serem procurados pela justiça de outros países.
Os últimos dois dos cinco evadidos da prisão de Vale de Judeus, em 07 de setembro de 2024, foram recapturados em Alicante, pela Policia Nacional de Espanha, "depois de um persistente e ininterrupto trabalho de recolha e de troca de informação" entre a PJ e as autoridades espanholas, anunciou a Polícia Judiciária na quinta-feira.
Luís Neves e Francisco Pardo Piqueras explicaram que um dos detidos será já hoje levado perante um juiz da Audiência Nacional de Espanha, em Madrid, e que o outro será colocado à disposição da Justiça no domingo.
Os mandados de detenção europeus "normalmente são executados num curto espaço de tempo", embora possa haver oposição dos detidos, "mas em princípio serão extraditados".
"Se não houver oposição, ou outros factos que desconhecemos, e se for decretada a extradição, será executada nos próximos dias", disse Luís Neves, que explicou que será à partida um processo mais ágil do que aquele que envolve o fugitivo recapturado em Marrocos ao abrigo de um mandado de detenção internacional (não europeu), em outubro, que tem nacionalidade portuguesa e permanece sob custódia das autoridades marroquinas.
O diretor nacional da PJ reconheceu que não esperava que em cinco meses, "em tão pouco tempo", fossem recapturados todos os cinco homens que fugiram da prisão de Vale de Judeus em setembro passado, realçando que todos são criminosos "muito violentos".
Luís Neves considerou que foi possível recapturar os fugitivos graças a "muito trabalho", mas também, e de forma determinante, graças à cooperação policial internacional, sobretudo com a Polícia Nacional de Espanha, que culminou com as duas detenções de quinta-feira em Alicante e que foi essencial para a detenção de Fábio Loureiro em Marrocos, graças aos contactos privilegiados entre polícias marroquina e espanhola.
Segundo informações reveladas hoje aos jornalistas pela Polícia Nacional de Espanha, Rodolfo Lohrmann e Mark Cameron Roscaleer estavam a ser já vigiados e foram detidos num posto de combustíveis, num momento em que as autoridades consideraram ser seguro avançar com a recaptura, atendendo a que existia a suspeita de andarem armados e por serem "altamente perigosos".
A PJ e a Polícia Nacional trabalharam em cooperação desde o dia da fuga de Vale de Judeus, por sempre ter havido a suspeita de que os fugitivos se poderiam refugiar em Espanha.
No caso dos detidos na quinta-feira, "as investigações intensificaram-se" em 28 de janeiro e nos dias seguintes, quando "uma vítima de ameaças de morte" fez uma queixa às autoridades e surgiram pistas de que Rodolfo Lohrmann e Mark Cameron estariam na zona de Alicante e Málaga.
No carro em que seguiam, a Polícia Nacional encontrou "documentação falsa da Eslovénia, placas de matrícula falsas", 50 mil euros e duas armas de fogo.
Segundo um comunicado da Polícia Nacional, existe a suspeita de que os dois "estavam envolvidos em atividades delinquentes, incluindo extorsões e ajustes de contas para uma organização criminosa dedicada ao tráfico de drogas".
Luís Neves disse aos jornalistas que há pistas de que Rodolfo Lohrmann e Mark Cameron Roscaleer estariam a cometer assaltos para reunir dinheiro para irem para um país da América Latina.
O diretor da PJ reconheceu ainda que foi uma surpresa “e a cereja em cima do bolo” saber que tinham sido detidos dois dos fugitivos de Vale de Judeus na quinta-feira em Alicante, e não apenas um, porque as autoridades não esperavam que permanecessem juntos, contrariando o "isolamento total" com que este perfil de criminosos costuma atuar numa circunstância destas e também o próprio histórico de Rodolfo Lohrman e Mark Roscalear.