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Ajuda humanitária aumentou em Gaza e já entraram 10 mil camiões
A ajuda humanitária a Gaza aumentou muito desde o cessar-fogo de 19 de janeiro, tendo o Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) feito entrar mais de 10 mil camiões, anunciou hoje um responsável da organização.
“Trouxemos mais de 10.000 camiões nas duas semanas desde o cessar-fogo, o que é um aumento enorme”, escreveu o coordenador do OCHA, Tom Fletcher, na rede social X, durante uma visita ao território palestiniano.
Após mais de 15 meses de guerra entre Israel e o movimento islamita Hamas, a Faixa de Gaza e os seus mais de 2 milhões de habitantes atravessam uma crise humanitária sem precedentes.
Até ao cessar-fogo, a ajuda humanitária chegava ao território apenas aos poucos — a uma média de alguns camiões por dia — e já tinham surgido casos de subnutrição grave.
As quantidades de bens essenciais que conseguiam entrar em Gaza eram insuficientes para satisfazer as necessidades da população quer em termos de alimentos, produtos de primeira necessidade e de saúde.
Antes da guerra, desencadeada pelo ataque sem precedentes do movimento islamita palestiniano Hamas contra Israel, a 07 de outubro, entrava em Gaza uma média de 500 camiões de ajuda todos os dias.
As forças israelitas controlam tudo o que entra ou sai do território palestiniano, e a ONU e as organizações não-governamentais têm-se queixado repetidamente de restrições na quantidade e qualidade da ajuda humanitária.
As autoridades israelitas são particularmente rigorosas em relação a tudo o que, aos seus olhos, possa ter uma dupla finalidade e ser utilizado pelos combatentes do Hamas, como combustível, por exemplo.
O cessar-fogo permitiu o regresso de milhares de palestinianos ao norte da Faixa de Gaza, tendo o Hamas alertado na segunda-feira que a população do norte precisa “imediata e urgentemente” de 135 mil tendas, dada a devastação na área, para onde se dirigem dezenas de milhares de pessoas deslocadas pela guerra.
O apelo foi dirigido à comunidade e às organizações internacionais, à ONU e aos países árabes, tendo sido pedido que facilitem o acesso da população aos bens básicos.
Gaza tornou-se um território onde se acumulam 42 milhões de toneladas de escombros, de acordo com dados da agência da ONU para os refugiados palestinianos (UNRWA).
Israel declarou em outubro do ano passado uma guerra na Faixa de Gaza para “erradicar” o Hamas, horas depois de este ter realizado em território israelita um ataque de proporções sem precedentes, matando cerca de 1.200 pessoas, na maioria civis, e feito 251 reféns.
Cerca de 90% dos 2,3 milhões de habitantes de Gaza viram-se obrigados a deslocar-se, muitos deles várias vezes, ao longo de mais de um ano de guerra, encontrando-se em acampamentos apinhados ao longo da costa, praticamente sem acesso a bens de primeira necessidade, como água potável e cuidados de saúde.
O sobrepovoado e pobre enclave palestiniano está mergulhado numa grave crise humanitária, com mais de 1,1 milhões de pessoas numa “situação de fome catastrófica” que está a fazer “o mais elevado número de vítimas alguma vez registado” pela ONU em estudos sobre segurança alimentar no mundo.