Cortes na ajuda dos EUA mergulham agências humanitárias da ONU na incerteza
A suspensão da ajuda internacional decretada pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, mergulhou várias agências humanitárias da ONU num clima de incerteza, após a grande maioria ter perdido o seu maior doador.
“A administração norte-americana está a criar confusão entre nós pois não está a transmitir instruções detalhadas sobre o que é suposto avançar [em matéria de programas e projetos] e o que não é”, afirmou hoje Jens Laerke, porta-voz do Gabinete da ONU para os Assuntos Humanitários, em Genebra.
Pouco depois de regressar à Casa Branca, Donald Trump assinou uma ordem executiva que suspende todos os programas de ajuda internacional durante 90 dias.
Alessandra Velucci, diretora do Serviço de Informação das Nações Unidas em Genebra, recordou que a organização sempre reconheceu e valorizou “a generosidade” que os Estados Unidos (EUA) demonstram há décadas para com os grupos mais vulneráveis, a quem a ONU presta auxílio.
Quanto à principal crítica de Trump sobre a desproporção das contribuições dos EUA para as causas humanitárias em contraste com as de outros países, Laerke explicou que as mesmas estão geralmente relacionadas com a dimensão da economia de cada país.
De acordo com os dados mais recentes da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), os Estados Unidos dedicaram 0,24% do seu rendimento interno bruto em cooperação internacional em 2023, em contraste com o objetivo internacional de 0,7%.
O país que lidera a classificação em matéria de contribuições é a Noruega, com 1,09%, seguida da Suécia e da Alemanha.
O diretor regional do Fundo das Nações Unidas para a População (UNFPA, na sigla em inglês) para a Ásia e Pacífico, Pio Smith, afirmou em Genebra que a agência foi obrigada a suspender todos os serviços para mulheres e raparigas financiados pelos EUA, pondo em risco o acesso a serviços de saúde e de proteção para 9 milhões de pessoas no Afeganistão.
As mulheres refugiadas afegãs no Paquistão e as mulheres refugiadas da minoria rohingya no Bangladesh enfrentarão situações semelhantes.