Reabilitação dos rios Diz e Noeme retomada na Guarda após desativação de foco de poluição
A Câmara Municipal da Guarda anunciou hoje que vai retomar a despoluição dos rios Diz e Noeme, na sequência do tamponamento de um coletor de águas residuais que estava a contaminar a água.
“Há 24 anos estava a acontecer aqui um foco de poluição, mas esta Câmara deu seguimento a uma ordem do Tribunal Administrativo e Fiscal de Viseu. Houve a coragem política de decidir fechar o coletor em causa, que foi tamponado em definitivo na semana passada”, disse à agência Lusa Sérgio Costa, presidente do município.
A autarquia promoveu hoje, juntamente com a APA (Agência Portuguesa do Ambiente), uma jornada dedicada às empreitadas de recuperação de linhas de água afetadas pelos incêndios de 2022, em que participaram o presidente da APA, Pimenta Machado, e os diretores das Administrações de Regiões Hidrográficas do Centro, do Norte e do Tejo e do Oeste.
Na localidade da Gata, na periferia da cidade, a comitiva foi recebida por autarcas locais, alguns populares e a deputada municipal do Bloco de Esquerda, Bárbara Xavier, que lamentaram o estado em que se encontra o Rio Diz e apontaram falhas à atuação das autoridades para travar a poluição.
Confrontado com estas críticas, Sérgio Costa escusou-se a “falar no passado”, mas garantiu que, “a partir de agora estamos em condições de retomarmos o trabalho que foi interrompido há alguns anos para fazer a ‘descontaminação’ deste troço final do Diz e, essencialmente, do Rio Noeme”.
“Esperemos que no mais curto espaço de tempo possamos ter um rio completamente limpo e despoluído para poder ser fruído por todos nós”, afirmou o presidente da Câmara.
Segundo Sérgio Costa, “agora, é dar tempo aos técnicos para fazerem o projeto adequado, para nos candidatarmos aos fundos e fazer a despoluição certa e adequada destes rios”.
“Temos que confiar no trabalho técnico que vai ser feito”, pediu o autarca aos populares e eleitos locais, escusando-se, no entanto, a adiantar prazos para o início desta reabilitação ambiental dos rios Diz e Noeme.
Já o presidente da APA, Pimenta Machado, lembrou que aquele organismo estatal fez “várias vistorias, notificou a Câmara da Guarda, aplicámos uma multa, creio que de 12 mil euros – cujo pagamento foi determinado pelo Tribunal – porque a infraestrutura que chegava ao rio era municipal”.
“A boa notícia é que esta estrutura foi tamponada, foram muitos anos de passivo ambiental, bem reconhecido e notificados, ele terminou, mas temos que continuar vigilantes, naturalmente, para perceber se as coisas estão a acontecer”, alertou o responsável.
“Nova vida ao Rio Diz e ao Noeme”, regozijou-se o presidente da APA, não sem antes alertar que o SEPNA (Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente) da GNR vai ter um “papel importante” para fiscalizar estes cursos de água.
“É preciso manter esta pressão positiva em torno do rio Diz e do rio Noeme”, sublinhou Pimenta Machado.
A este propósito, o presidente da Câmara anunciou que “a água já está a ser monitorizada”, tendo sido feita uma contratação de serviços para o efeito.
Pedro Teiga, especialista em reabilitação de rios e ribeiras, também presente na comitiva, vai ser o responsável pela recuperação ambiental dos rios Diz e Noeme, cujo projeto, da sua responsabilidade, tinha sido iniciado em 2017, mas foi interrompido porque “a descarga de poluição não parou”, disse à agência Lusa.
As empreitadas de recuperação de linhas de água afetadas pelos incêndios de 2022 estão a decorrer e envolvem um investimento estimado de 1,2 a 1,5 milhões de euros no rio Zêzere, repartido pelos municípios de Manteigas e Guarda.
Já no Mondego a intervenção deverá rondar os 2,5 milhões de euros, adiantou Pedro Teiga à agência Lusa.