Dez sem-abrigo ocupam o edifício da Federação dos Vinicultores do Dão

“Aqui não há sarilhos. Precisamos de uma casa!”, pode ler-se ao passar pelas antigas instalações da Federação dos Vinicultores do Dão no centro da cidade de Viseu. A roupa a secar e o portão entreaberto confirma-nos que ali vivem pessoas em situação de sem-abrigo. São cerca de dez, entre elas uma mulher grávida.

Segundo apurou o Diário de Viseu, a situação está a ser acompanhada pelos serviços de Ação Social do Município de Viseu e pelas autoridades competentes. “Foi realizada uma visita técnica, mas como se trata de uma propriedade privada e não de um espaço público, não podemos interferir, nem comunicar ao Ministério Público. Tem de ser o proprietário a dar esse alerta”, explicou fonte da autarquia de Viseu ao nosso Jornal, relembrando que, até ao momento “o proprietário não comunicou de forma oficial a ocupação do espaço”.

Na altura da visita, acrescenta a mesma fonte, “as pessoas que estão no local recusaram qualquer intervenção do município, o que impossibilita que se vá mais além do que esse passo, sendo uma propriedade privada”.

Num dos casos, apurou o nosso Jornal, uma das pessoas ocupantes é uma mulher grávida que está no fim do período gestacional e que ser acompanhada, mas que continua a recusar as respostas do município e da Segurança Social.

Também o presidente da Junta de Freguesia de Viseu, Diamantino Santos, confirma a situação de sem abrigo na antiga sede da Comissão Vitivinícola Regional do Dão (CVR Dão). “Grande parte não aceita as respostas sociais que os diferentes organismos têm para dar porque não querem sair dali”, afirmou. “Nós (Junta de Freguesia de Viseu) estamos a acompanhar o caso e a Ação Social da câmara está também a acompanhar o processo. Agora, eles não mostram disponibilidade para aceitar as respostas”, garantiu.

Em outubro de 2024, a Câmara de Viseu garantiu acompanhar a situação de dois sem abrigo que pernoitavam nas imediações de um supermercado, junto ao cemitério velho de Viseu.

Na altura, foi um caso que acompanhado durante algum tempo pela Divisão de Desenvolvimento e Coesão Social, tendo o município assegurado estadia, alimentação e intervenção das diversas entidades, entre PSP, Segurança Social e Autoridade de Saúde Pública da ULS Viseu Dão Lafões.

Neste caso, todas estas tentativas de apoio foram em vão, uma vez que os cidadãos sinalizados voltaram à rua nas mesmas condições. O caso foi reportado ao Ministério Público.