Viaturas entregues pelo Governo à espera da vistoria
Os veículos florestais de combate a incêndios (VFCI) e os veículos Tanque Tático Florestal (VTTF) entregues em 2024 às corporações do distrito de Viseu continuam a aguardar a vistoria prometida pela ministra da Administração Interna após o acidente que vitimou um bombeiro de Odemira.
Margarida Blasco mandou parar as 81 viaturas entregues em virtude da situação de alarme criada nas corporações de bombeiros sobre a segurança das mesmas após o despiste ocorrido a 1 de janeiro.
As corporações do distrito contempladas com as viaturas foram os voluntários de Castro Daire, Vouzela, Vale de Besteiros (Tondela), Corpo Voluntário de Salvação Pública de São Pedro do Sul e os Sapadores de Viseu.
José Albuquerque, presidente da Federação de Bombeiros do Distrito de Viseu, adiantou que são as associações que decidem utilizar ou não as viaturas, mas referiu que nesta altura do ano podem não ter necessidade de o fazer. Além disso, “todas têm outras viaturas de combate a incêndios a que poderão recorrer”.
O responsável reconheceu que a alegada vistoria ainda não foi realizada e que as corporações ainda estão à espera.
“As viaturas que estão nas corporações, se tiverem que sair, saem, porque as associações e os corpos de bombeiros não estão proibidos de as usar, o que a autoridade tem dito é que elas vão ser sujeitas a uma nova vistoria, para aferir se estão em condições. As viaturas são novas, portanto, à partida, todas estão em condições”, explicou.
Recorde-se que o Governo entregou 81 viaturas no âmbito do PRR - Plano de Recuperação e Resiliência, adquiridas ao abrigo do programa “Mais Floresta – Reforma do Sistema de Prevenção e Combate de Incêndios”, num investimento de mais de 14 milhões de euros.
O despiste do VFCI dos Bombeiros Voluntários de Odemira, no passado dia 1 de janeiro, quando regressava ao quartel e que originou cinco feridos, um dos quais viria a falecer, levantou um coro de críticas e perguntas, até agora sem resposta. Atualmente, estão 80 viaturas paradas à espera do resultado do inquérito aberto pelo Ministério da Administração Interna.
José Albuquerque entende que compete ao Governo “dotar os bombeiros das melhores viaturas, “porque está a atribui-las à população e à sociedade, para nós defendermos a população”. Todavia, entende que se as mesmas têm “alguma deficiência ou problema isso deve ser resolvido o mais rapidamente possível”.
“As associações indicaram de imediato à autoridade os problemas das viaturas quando as receberam. Mas certamente que não seriam problemas de grande monta, porque não decidiram pará-las enquanto o problema não fosse resolvido. Ou seja, isso não quer dizer que as viaturas não possam andar ou que a sua segurança seja inferior”, salientou.
O presidente da Federação de Bombeiros do Distrito de Viseu é da opinião que “as viaturas só estão paradas porque não estão a ser precisas, mais nada. Se, de repente, acontece uma catástrofe e é preciso usá-las, de certeza que vão ser usadas, disso não tenho dúvidas nenhumas. É uma questão de gestão”.
As conclusões do inquérito aberto pelo ministério ainda não são conhecidas, quinze dias após o despiste da corporação de Odemira. José Albuquerque apoia a decisão de mandar parar as viaturas até às conclusões do inquérito, para evitar questões de segurança.
“Só depois desse inquérito é que posso questionar, eu e outros responsáveis, por que é que foi parada a viatura do distrito A e não foi a do distrito B. Aí, irei informar-me muito bem dessas razões e se nós acharmos que deveriam ser paradas e não foram, nós vamos levantar esse problema”, concluiu.