Louça de Barro do concelho de Seia no Registo de Produções Artesanais Certificadas
A produção tradicional da Louça de Barro de Paranhos da Beira e Carvalhal da Louça, no concelho de Seia, foi inscrita no Registo Nacional de Produções Artesanais Tradicionais Certificadas.
O despacho de aprovação deste registo pelo presidente do Conselho Diretivo do Instituto de Emprego e Formação Profissional foi hoje publicado em Diário da República, sendo titular, enquanto entidade promotora, o Rancho Folclórico de Paranhos da Beira daquela localidade do distrito da Guarda.
A coletividade deverá agora proceder ao registo da denominação desta produção tradicional, sob a forma de indicação geográfica, junto do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI, I. P.).
A Comissão Consultiva para a Certificação de Produções Artesanais Tradicionais tinha dado parecer positivo, em setembro de 2024, ao pedido de registo, não tendo havido qualquer declaração de oposição”no prazo fixado para o efeito.
De acordo com a documentação anexa ao registo, a olaria de Paranhos da Beira e Carvalhal da Louça “distingue-se dos restantes centros oleiros nacionais, principalmente, a partir das tipologias de peças produzidas, de forma análoga, ao longo de, pelo menos, cem anos, conforme os exemplos expostos no Centro Museológico de Paranhos da Beira e que se encontram discriminados no caderno de especificações”.
Para garantir a preservação da identidade desta louça de barro, “apenas poderão ser admitidas peças que incorporem inovação se as mesmas forem evoluções de formas tradicionais que não desvirtuem, precisamente, as tipologias da olaria tradicional de Paranhos da Beira e Carvalhal da Louça e sempre dentro do registo de uma produção essencialmente utilitária”, refere o documento.
Outra característica que tem de estar sempre presente “é a coloração tradicional das peças, de tom amarelado ou ligeiramente avermelhado, de aspeto fosco, fator de diferenciação desta produção face a outras congéneres”, lê-se ainda na publicação.
É também admitido considerar a louça preta, “embora esta não fosse tão comum quanto a anterior”, e poderá aceitar “pontualmente” o vidrado e o pez, de acordo com as aplicações tradicionais.
“A decoração deve cingir-se aos elementos tradicionais descritos no caderno de especificações”, estipula o caderno de especificações.
Já a área geográfica de produção da “louça de Barro de Paranhos da Beira e Carvalhal da Louça” fica circunscrita à freguesia de Paranhos da Beira “de modo “a defender as especificidades” desta olaria artesanal tradicional, nomeadamente vasilhame típico e técnicas e instrumentos aplicados na sua elaboração.
As primeiras evidências documentais relativas à existência de oleiros em Paranhos da Beira surgem nos registos paroquiais, datados da segunda metade do século XIX.
Em 2017, o Rancho Folclórico de Paranhos da Beira criou o Centro Museológico de Paranhos da Beira para expor e preservar o espólio material e documental sistematizado desta arte.
Situado na antiga escola primária da freguesia, o espaço dispõe de áreas de exposição, a ‘Oficina do Oleiro’, um laboratório de experimentação das técnicas de olaria artesanal e modelação do barro dinamizado por dois oleiros ainda em atividade.