Câmara da Guarda com saldo orçamental de 9,5 milhões de euros em 2024
A Câmara da Guarda registou, em 2024, um saldo orçamental na ordem dos 9,5 milhões de euros, valor que vai ser integrado nos fundos disponíveis do município no ano em curso.
A decisão foi hoje divulgada na reunião quinzenal do executivo, mas os dados mereceram leituras diferentes por parte dos independentes do movimento ‘Pela Guarda’, que governam em maioria relativa, e da oposição, protagonizada por três vereadores do PSD e um do PS.
A socialista Adelaide Campos disse mesmo ter ficado “perplexa” com o valor a integrar na tesouraria da autarquia, que disse ser “dinheiro que não foi gasto e não foi necessário para se realizarem as atividades da Câmara”.
“A oposição foi acusada ao longo do último ano de ser responsável pela não realização de obras e projetos por parte da Câmara da Guarda por ter chumbado o orçamento e os pedidos de empréstimo”, recordou a vereadora.
Se “não foi preciso mais dinheiro e, se se tivessem contraído os empréstimos, estaríamos agora a pagar juros à conta do erário público que, obviamente, não eram necessários”, disse.
Para Adelaide Campos, falta saber porque sobrou este montante: “Foi por inépcia da Câmara, por falta de vontade ou, simplesmente, para imputar esta responsabilidade à oposição? Hoje ficamos a saber que agimos bem ao não realizar os empréstimos naquela altura”, considerou.
O mesmo sustentou o social-democrata Carlos Chaves Monteiro, para quem, com o saldo orçamental de 2024, a Câmara da Guarda “tem liquidez para fazer obras e projetos, ao contrário da retórica do presidente, que andou um ano inteiro a defender a necessidade de empréstimos”.
“Impõe-se à atual maioria usar este dinheiro e fazer investimentos porque tem margem para trabalhar, agir e investir. É pena que não o tenha feito nestes últimos três anos, pois muito dificilmente o fará nos sete meses que faltam para o final do mandato”, acrescentou o vereador do PSD.
Na resposta, Sérgio Costa, presidente da Câmara da Guarda, começou por dizer que o saldo orçamental de 2024 “não é líquido”.
“Destes 9,5 milhões de euros, o que está disponível são 3,6 milhões. O restante foi afetado a obras do PRR [Plano de Recuperação e Resiliência] como adiantamentos”, justificou.
O autarca referia-se aos projetos da nova área empresarial, à recuperação do órgão de tubos da Sé Catedral, à construção de 51 fogos no Bairro da Fraternidade e da residência de estudantes na Rua António Sérgio, bem como às intervenções nas freguesias afetadas pelos incêndios e as intempéries de 2022 e 2023.
“Vai faltar dinheiro para fazer tudo isto, por isso quisemos contrair empréstimos e a oposição chumbou”, lamentou, assinalando que PS e PSD deviam ficar “preocupados com a redução do saldo orçamental” face a 2023.
“Ou a oposição autoriza empréstimos, ou, lá mais para o final do ano, a Câmara da Guarda terá constrangimentos sérios em termos financeiros”, alertou Sérgio Costa.