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Ambientalistas pedem medidas para lidar com planos da indústria europeia da aviação

ZERO assinala que “a crescer a este ritmo, o setor de aviação da Europa esgotará muito rapidamente o seu orçamento de carbono”

A associação ambientalista Zero pediu hoje ao governo que defina orçamentos de carbono para a aviação e por aeroporto face a presumíveis planos da indústria europeia do setor vistos como desastrosos para o clima.

Em comunicado, a Zero – Associação Sistema Terrestre Sustentável chama a atenção para um estudo da Federação Europeia de Transportes e Ambiente (T&E) divulgado hoje e que "evidencia que a indústria europeia de aviação planeia duplicar o número de passageiros até 2050 face a 2019 e manter praticamente inalterado o seu consumo de combustível fóssil”, apelando ao executivo para o ter em conta na definição da estratégia nacional para a sustentabilidade do setor.

Numa altura em que o governo lança formalmente a Aliança para a Sustentabilidade na Aviação (ASA) em Portugal”, o estudo agora divulgado “evidencia a urgência da ação dos decisores políticos relativamente aos impactos da aviação no clima e ambiente”, alerta a Zero, que integra a T&E.

No âmbito da ASA, que a Zero integrará, será criado o Roteiro Nacional para a Descarbonização da Aviação (Ronda), que definirá a estratégia nacional para a sustentabilidade do setor e que “deve incluir medidas que travem o crescimento exponencial das emissões da aviação em Portugal”, defende a associação ambientalista.

Além da definição de orçamentos de carbono, a ZERO espera que “o governo português mostre a sua ambição”, incluindo no Ronda medidas para “promover a redução das viagens aéreas empresariais em 50% em relação a 2019” e “reverter a subtributação do setor, nomeadamente ao nível do ISP (Imposto sobre os Produtos Petrolíferos e Energéticos), do IVA (Imposto sobre Valor Acrescentado) e da taxa de carbono”.

A associação ambientalista pede ainda que sejam tomadas medidas para “limitar os programas Frequent flyer [passageiros frequentes) que estimulam as viagens aéreas em quem já viaja com frequência”.

Partindo de projeções das empresas Airbus e Boeing, o estudo da T&E conclui que “apesar de menores consumos decorrentes de aeronaves mais eficientes e otimizações operacionais, o abastecimento de combustíveis nos aeroportos europeus aumentará 59% até 2050 em relação a 2019”.

O consumo de combustível, essencialmente 'jet fuel' fóssil mas também SAF (Combustíveis Sustentáveis para a Aviação), continuará a crescer a uma média anual de 2,1% entre 2023 e 2050, tornando difícil ou impossível a redução das emissões do setor”.

Mesmo no caso das projeções da Comissão Europeia para a aviação na União, mais conservadoras no crescimento do tráfego aéreo, a Comissão prevê um crescimento anual de 1,4% até 2050 e a Airbus e Boeing 3,3% em média, as emissões aumentam 46% até 2040 em comparação com 1990, ano em que a economia deveria ver as suas emissões líquidas reduzidas em 90%, o que mostra a insustentabilidade do setor se não forem seguidas políticas públicas adicionais e mais eficazes para conter as suas emissões”, salienta a Zero.

A associação reforça que o crescimento exponencial do tráfego aéreo vai reduzir os benefícios dos SAF na redução de emissões de gases com efeitos de estufa, assinalando que “a crescer a este ritmo, o setor de aviação da Europa esgotará muito rapidamente o seu orçamento de carbono”, o que poderá por em causa o objetivo do Acordo de Paris de limitar o aquecimento global a 1,5°C.

Janeiro 13, 2025 . 14:22

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