Arma branca que pertenceria a Odair Moniz foi apreendida e consta do processo
A arma branca que alegadamente pertencia a Odair Moniz, que em outubro foi baleado mortalmente por um agente da PSP no bairro da Cova da Moura (Amadora), foi apreendida pelas autoridades e consta do processo, disse hoje fonte judicial.
O agente da PSP, que está de baixa médica, foi hoje interrogado pelo Ministério Público (MP) no Departamento de Investigação e Ação Penal de Lisboa, no Campus da Justiça.
No final do interrogatório, o advogado do polícia, Ricardo Serrano Vieira, disse aos jornalistas que havia uma arma branca no local do crime, escusando-se a avançar com mais pormenores.
A fonte judicial indicou à agência Lusa que do processo consta a arma branca que na altura estava na posse de Odair Moniz.
A mesma fonte adiantou que o polícia optou hoje por não prestar declarações perante o MP, uma vez que a defesa do arguido ainda não teve acesso ao processo, por se encontrar sujeito a segredo de justiça.
Segundo a fonte, o arguido foi hoje confrontado pelo MP com a prova indiciária.
O agente da PSP foi ainda notificado, nos últimos dias, para prestar declarações junto da Inspeção-Geral da Administração Interna (IGAI) na qualidade de testemunha.
Além do processo judicial, estão a decorrer na IGAI e na PSP processos de âmbito disciplinares.
O inquérito na IGAI foi ordenado pela ministrada da Administração Interna, Margarida Blasco, que determinou que fosse feito “com caráter de urgente”.
Odair Moniz, cidadão cabo-verdiano de 43 anos e morador no Bairro do Zambujal, na Amadora, foi baleado por um agente da PSP na madrugada de 21 de outubro, no bairro da Cova da Moura, no mesmo concelho, distrito de Lisboa, e morreu pouco depois, no Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa.
De acordo com a versão oficial da PSP, o homem pôs-se “em fuga” de carro depois de ver uma viatura policial e despistou-se na Cova da Moura, onde, ao ser abordado pelos agentes, “terá resistido à detenção e tentado agredi-los com recurso a arma branca”.
A associação SOS Racismo e o movimento Vida Justa contestaram a versão policial e exigiram uma investigação “séria e isenta” para apurar responsabilidades, considerando que está em causa “uma cultura de impunidade” nas polícias.
Nessa semana registaram-se tumultos no Zambujal e noutros bairros da Área Metropolitana de Lisboa, onde foram queimados e vandalizados autocarros, automóveis e caixotes do lixo, somando-se cerca de duas dezenas de detidos e outros tantos suspeitos identificados.