Bancos centrais iniciam ciclo de descida das taxas de juro em 2024
Os principais bancos centrais começaram em 2024 um ciclo de descida das taxas de juro, depois de as terem mantido em níveis elevados para travar a inflação, mas ainda não deram essa batalha como vencida.
A inflação na zona euro atingiu um pico de 10% em outubro de 2022, um aumento de preços explicado com a recuperação que surgiu após a pandemia de covid-19 e que se agravou com a invasão russa da Ucrânia em fevereiro desse ano, que levou à subida dos preços da energia.
Desde então a inflação tem vindo a recuar, aproximando-se gradualmente da meta de 2% fixada pelo Banco Central Europeu (BCE).
Em junho, a instituição liderada por Christine Lagarde, que manteve durante algum tempo as taxas de juro em níveis considerados restritivos, com a principal taxa de juro de refinanciamento em 4,5%, a taxa de depósitos em 4% e a taxa de juro aplicável à facilidade permanente de cedência de liquidez em 4,75%, começou a descê-las.
Voltou a aprovar cortes de 25 pontos base em setembro e em outubro, aliviando o crédito para as famílias e as empresas.
Atualmente a taxa de depósitos, de referência, está em 3,25% e as taxas de juro aplicáveis às principais operações de refinanciamento e à facilidade permanente de cedência de liquidez ficaram em 3,40% e 3,65%, respetivamente.
No entanto, na conferência de imprensa que se seguiu à última reunião do BCE, em outubro, Lagarde sublinhou que a batalha contra a inflação ainda não foi vencida.
"Já quebrámos o pescoço à inflação? Ainda não, mas acho que estamos perto de conseguir fazer isso", afirmou.
Mais tarde e com a mesma prudência, a Reserva Federal (Fed) norte-americana optou por começar em setembro a cortar as taxas de juro, depois de as ter mantido no nível mais alto em mais de 20 anos, entre 5,25% e 5,50%, durante um ano para conter a inflação.
Começou com um corte de 50 pontos base e em novembro voltou a aprovar uma redução, mas mais moderada de 25 pontos base. Atualmente, a taxa dos fundos federais situa-se no intervalo entre 4,5% e 4,75%.
"A inflação diminuiu consideravelmente", afirmou o presidente do banco central norte-americano, Jerome Powell, após a última reunião da Fed, mas "o trabalho ainda não terminou".
Nos Estados Unidos, a inflação atingiu um pico de 9,5% em junho de 2022, após a reabertura da economia mundial a seguir à pandemia de covid-19. Em outubro, estava em 2,3%, segundo o índice de preços PCE, o mais seguido pela Fed.
Numa altura em que o BCE já tinha começado a flexibilização da sua política monetária e quando a Fed ainda deixava as taxas inalteradas, o Banco de Inglaterra baixou em agosto a sua principal taxa de juro em 25 pontos base, para 5%, a primeira descida desde março de 2020.
Em novembro, voltou a aprovar um corte de 25 pontos base, para 4,75%, face à tendência de descida da inflação.
"Se a economia evoluir como esperamos, é provável que as taxas de juro continuem a cair gradualmente a partir de agora", declarou o governador da instituição monetária, Andrew Bailey, reiterando a importância de "não reduzir as taxas com demasiada rapidez" para manter a inflação perto do objetivo de 2%.
A inflação homóloga no Reino Unido caiu para 1,7% em setembro, o nível mais baixo em três anos.
No mesmo sentido, o Banco do Canadá aprovou em outubro uma descida de 50 pontos base na sua taxa de juro, deixando-a em 3,75%, o quarto corte decidido pela autoridade monetária canadiana desde junho passado. As três anteriores descidas tinham sido de 25 pontos base.
Meses antes, em março, o Banco Nacional da Suíça, tinha causado surpresa ao baixar pela primeira vez em dois anos a sua taxa de juro diretora para 1,50%, tendo em conta o recuo da inflação. A taxa estava anteriormente em 1,75%.
Nas reuniões dos bancos centrais que vão decorrer em dezembro é provável que sejam decididas novas reduções e que as taxas de juro terminem o ano mais baixas.
Contrariando esta tendência, o Banco do Japão deixou inalterada em outubro a sua taxa diretora em 0,25%, depois de a ter aumentado duas vezes este ano, a partir de março, pondo fim a dez anos de política monetária ultra-acomodatícia.