Biden diz que queda de regime sírio é sinal da fragilidade russa
O Presidente dos EUA, Joe Biden, atribuiu hoje a queda do regime do Presidente sírio Bashar al-Assad à fragilidade dos países que o apoiavam, nomeadamente o Irão e a Rússia, incapazes de protegerem o seu aliado.
Classificando este colapso do regime na Síria como um “ato de justiça”, Biden admitiu, contudo, que este é também um “momento de risco e incerteza”, lembrando que alguns dos rebeldes têm um perigoso histórico de terrorismo. Disse ainda que al-Assad deve ser responsabilizado pelos crimes do seu regime.
Numa comunicação a partir da Casa Branca, Biden disse que a queda do regime sírio é uma prova de que Moscovo está a perder influência no Médio Oriente.
“Isto porque a Ucrânia, apoiada pelos aliados, ergueu um muro contra as forças invasoras russas, infligindo danos às forças russas, que deixaram Moscovo incapaz de proteger o seu aliado no Médio Oriente”, explicou o líder norte-americano.
Biden, à hora em que deu a conferência de imprensa, disse que os Estados Unidos não sabiam do paradeiro de al-Assad, mas que está a monitorizar de perto relatos que dizem que o Presidente sírio poderá ter procurado refúgio em Moscovo, facto entretanto confirmado pelas autoridades russas.
O Presidente norte-americano lembrou que, nos últimos quatro anos, o seu Governo adotou uma política clara em relação à Síria, mantendo sanções contra o regime de Bashar al-Assad e apoiando a liberdade de ação de Israel contra redes iranianas na região.
“É um ato de justiça essencial e um momento de oportunidade histórica para o povo sírio, que sofreu durante tanto tempo para construir um futuro melhor”, disse Biden, mas acrescentou que este é também um “momento de risco e incerteza” que os Estados Unidos tentarão gerir com os seus aliados na região.
Biden sublinhou que os Estados Unidos mantiveram uma presença militar na Síria para combater o movimento terrorista Estado Islâmico (EI) e apoiar parceiros locais, garantindo que o grupo terrorista não restabeleça um refúgio seguro no país.
“A nossa abordagem alterou o equilíbrio de poder no Médio Oriente”, disse o líder norte-americano.
Contudo, Biden expressou preocupação com a possibilidade de, ao remover um tirano, outro poder surgir no seu lugar, lembrando que alguns dos rebeldes ‘jihadistas’ terem um histórico de ações terroristas.
O Presidente dos Estados Unidos também defendeu que al-Assad deve ser responsabilizado pelas “centenas de milhares de sírios inocentes que foram maltratados, torturados e mortos” pelo seu regime.
Os próximos dias “serão determinantes” para o futuro da Síria, disse Biden, pelo que o Governo dos Estados Unidos estará “muito atento” aos desenvolvimentos da crise.
Esta comunicação aconteceu após a queda do regime de Bashar al-Assad, resultante de uma ofensiva relâmpago de grupos rebeldes que culminou na tomada de Damasco.
A Casa Branca já tinha dito que o Presidente se reuniria com seus conselheiros para discutir a situação na Síria.
No sábado, Jake Sullivan, conselheiro de segurança nacional, disse que as prioridades dos EUA, após a saída de Assad, seriam evitar o ressurgimento do Estado Islâmico (EI) e prevenir uma "catástrofe humanitária".
Sullivan expressou preocupação com o impacto regional da mudança de poder, especialmente em relação ao EI, lembrando que durante os períodos mais críticos da guerra civil síria, este movimento terrorista tinha ganhado força.
Washington também prometeu tudo fazer para evitar uma "catástrofe humanitária", assegurando o acesso às necessidades básicas dos civis e a proteção das minorias religiosas e étnicas na Síria.
O Governo do Presidente Joe Biden prepara-se para transferir o poder em 20 de janeiro para Donald Trump, que afirmou no sábado que os EUA não devem "intrometer-se" na situação síria.
"A Síria é uma confusão, mas não é nossa amiga, e os Estados Unidos não devem ter nada a ver com isto", disse Trump.
Atualmente, os EUA mantêm cerca de 900 soldados na Síria e 2.500 no Iraque, como parte da coligação internacional estabelecida em 2014 para combater o EI.