Maior laboratório de cocaína produzia para mercado externo a 50 km de Lisboa

A Polícia Judiciária (PJ) desmantelou, a cerca de 50 quilómetros de Lisboa, o que considera ser um dos maiores laboratórios de cocaína, que tinha como principais destinos outros países europeus.

Artur Vaz, diretor da Unidade Nacional de Combate ao Trafico de Estupefacientes da PJ, revelou hoje em conferência de imprensa alguns pormenores da operação iniciada há cerca de ano e que terminou com o desmantelamento do que a PJ diz ser um dos maiores laboratórios industriais de extração, transformação e empacotamento de cocaína da Europa, localizado na zona Oeste.

Em maio, a PJ já tinha apreendido quase uma tonelada de cocaína e agora intercetou mais meia tonelada que estaria a ser traficada pela mesma rede de narcotraficantes.

"Face às quantidades envolvidas e tendo em conta a realidade nacional, tudo aponta para que (a droga) iria para outros mercados europeus" e não para consumo exclusivo nacional, explicou aos jornalistas Artur Vaz.

A PJ deteve "sete indivíduos supostamente pertencentes a um grupo criminoso organizado", quatro portugueses e três estrangeiros, sendo que alguns "já estavam referenciados" pelas autoridades, acrescentou o diretor da PJ, que não quis adiantar o estatuto que cada um dos elementos desempenhava nesta rede de tráfico.

Os detidos, com idades compreendidas entre os 29 e os 56 anos, “serão ouvidos hoje, não havendo ainda medidas de coação”, disse.

Foi num armazém na região da Lourinhã que a Polícia Judiciária encontrou um laboratório industrial “de transformação de pasta de cocaína, acondicionamento e empacotamento”, onde estavam cerca de 460 quilos de cocaína processada e outros 32,5 quilos em processo de transformação.

“Acreditamos ser o maior laboratório encontrado até hoje em Portugal”, anunciou Artur Vaz.

Quando os inspetores da Polícia Judiciária chegaram ao local apanharam três dos detidos em flagrante delito a trabalhar na “transformação da droga no laboratório”.

Com 20 mandados de captura, a PJ apreendeu também duas armas de fogo, uma prensa, diverso equipamento laboratorial, elevadas quantidades de produtos químicos, uma elevada quantidade de dinheiro em numerário, assim como várias viaturas ligeiras e pesadas.

A operação realizada esta semana surge na sequência da apreensão de quase mil quilos de cocaína, que chegaram a Portugal em maio num contentor marítimo proveniente da Colômbia.

O contentor entrou em território nacional através do Porto de Setúbal e trazia a droga escondida no fundo de caixas de cartão que transportavam cerca de 20 toneladas de bananas.

Segundo o responsável, desde dezembro do ano passado, a PJ já “detetou e desmantelou cinco laboratórios deste tipo em várias regiões do país”, não existindo elementos que possam indicar que havia conexões entre as diferentes redes de narcotráfico.

A PJ contou com a colaboração das autoridades policiais e judiciárias da Colômbia (Polícia Nacional), Espanha (Polícia Nacional) e Estados Unidos (DEA - Drug Enforcement Administration, HSI - Homeland Security Investigations e CBP - Customs and Border Protection).