Prevenção Rodoviária lamenta falta de investimento e estratégia nacional
A Prevenção Rodoviária Portuguesa (PRP) lamentou hoje a falta de investimento e de uma estratégia nacional de segurança rodoviária, avançando que Portugal está atualmente com níveis de sinistralidade de 2014.
“Não tem havido investimento suficiente desde há muito tempo. E isso justifica estarmos neste momento com uma sinistralidade ao nível de 2014, isto é, passou-se uma década e nada evoluímos”, disse o presidente da PRP, Alan Areal, em declarações à Lusa a propósito da diminuição do orçamento da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR) para o próximo ano numa altura em que os acidentes rodoviários estão a aumentar.
O responsável comparou Portugal com outros países da União Europeia, onde o país “ocupa o sexto lugar da cauda da Europa”, quando já esteve perto da média da UE.
“Neste momento, Portugal está na ordem das 60 mortes por milhão habitantes e a média da União Europeia é 46”, precisou.
O presidente da PRP disse que, além da falta de investimento nesta área, Portugal não tem uma estratégia nacional de segurança rodoviária, como acontece em outros países com bons resultados.
Alan Areal considerou que há um “atraso substancial” na aprovação da Estratégia Nacional de Segurança Rodoviária - Visão Zero 2030, que tem como meta a redução em 50% do número de mortos e feridos graves até 2030.
Esta estratégia já devia ter sido aprovada em 2020, mas tal ainda não aconteceu, apesar de ter chegado a ser apresentada pelo anterior Governo socialista.
“Estamos no final de 2024 e eventualmente, pelo que sei, será aprovada até ao final do ano. Vamos entrar em 2025 com uma estratégia aprovada, mas já perdemos quatro anos de implementação”, lamentou.
Apesar de o documento final ainda não ser conhecido, o responsável indicou que as bases para a definição da Estratégia Nacional de Segurança Rodoviária “são boas", tendo sido feita uma caracterização da sinistralidade rodoviária por técnicos especializados na área.
No entanto, sublinhou que, pela experiência do passado, “uma estratégia sem recursos alocados e sem meios financeiros e técnicos” tem “taxas de implementação muito reduzidas”.
O presidente da PRP considerou fundamental que existam recursos e orçamento disponíveis para a execução das medidas detalhadas na estratégia.
“Não é só importante o orçamento da ANSR, porque quando se aborda a segurança rodoviária aborda-se numa perspetiva holística nos vários pilares. Isto implica infraestrutura, veículos, emergência e socorro, fator humano, enfim, implica toda a gestão do sistema e requer uma coordenação a nível do Governo interministerial”, disse
Segundo Alan Areal, se não existir investimento e recursos para as medidas previstas na estratégia, existirá “uma taxa de execução outra vez muito reduzida” e, como tem acontecido no passado, os resultados não têm sido bons.
O presidente da PRP antecipou também que o objetivo de reduzir em 50% o número de mortos e de feridos graves em 2030 será muito difícil: “Neste momento temos de ser realistas e dizer que isso é completamente inalcançável”.
No entanto, afirmou que a maior parte dos países da Europa também estão longíssimo dessa meta.
Entre a falta de investimento na área, o responsável apontou as infraestruturas, educação rodoviária e planos municipais de segurança rodoviária.
O presidente da PRP lamentou ainda que em Portugal a segurança rodoviária seja tratada com “medidas avulsas”.