Netanyahu ameaça com “guerra intensiva” se tréguas no Líbano forem violadas
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, ameaçou hoje com uma "guerra intensiva", em caso de violação da trégua com o Hezbollah no Líbano, que entrou em vigor na quarta-feira e já foi posta à prova.
Numa entrevista ao canal israelita Channel 14, citada pela AFP, Netanyahu disse ter dado instruções ao exército para, "se necessário", "no caso de uma violação do cessar-fogo", levar a cabo "uma guerra intensiva"
Poucas horas antes, o exército israelita tinha anunciado ter realizado um ataque aéreo contra uma instalação do Hezbollah no sul do Líbano, o primeiro desde o início da trégua que pôs fim à guerra com o movimento armado aliado do Irão.
Assim que o cessar-fogo entrou em vigor, na madrugada de quarta-feira, dezenas de milhares de residentes deslocados apressaram-se a regressar às suas casas no sul e leste do Líbano, bem como nos subúrbios a sul de Beirute, redutos do Hezbollah, onde encontraram cenários de destruição.
O exército libanês, que começou a enviar tropas e veículos blindados para o sul do país, acusou hoje Israel de ter violado o acordo de cessar-fogo "em várias ocasiões".
O exército israelita anunciou que impôs o recolher obrigatório entre as 17:00 de quinta-feira e as 07:00 de sexta-feira (locais, menos duas horas em Lisboa) no sul do Líbano, na fronteira com o norte de Israel, depois de ter "aberto fogo" contra "suspeitos [...] que não respeitaram as condições do cessar-fogo".
Na quinta-feira, um avião de combate teve como alvo "uma área florestal não acessível aos civis" na cidade de Baïssariyé, disse à AFP Nazih Eid, presidente da câmara desta cidade libanesa.
O exército israelita disse ter identificado uma instalação utilizada pelo Hezbollah "para armazenar 'rockets' de médio alcance no sul do Líbano" e "frustrado a ameaça" com um ataque aéreo.
O exército acrescentou que as suas forças "permaneceram no sul do Líbano e agiram para fazer cumprir" a trégua.
O fogo israelita feriu ainda duas pessoas na aldeia de Markaba, no sul do Líbano, segundo a agência de notícias libanesa Ani.
Entretanto, o exército libanês continua a deslocar-se para o sul do país, onde está a "instalar postos de controlo", disse uma fonte militar à AFP, especificando que os soldados não estão "a avançar para áreas onde o exército israelita ainda está presente".
Na aldeia cristã de Qlaaya, os soldados libaneses foram recebidos na noite de quarta-feira por residentes exultantes que lhes atiraram flores e arroz.
O acordo de cessar-fogo visa pôr fim ao conflito mortal que começou em outubro de 2023 entre Israel e o Hezbollah, e que desalojou 900.000 pessoas no Líbano e 60.000 no norte de Israel.
O Hezbollah abriu uma frente de apoio ao Hamas contra Israel no início da guerra na Faixa de Gaza, desencadeada a 7 de outubro de 2023 pelo ataque sem precedentes do movimento islamista palestiniano.