Editorial: O 25 de Novembro de 1975 finalmente celebrado
O 25 de Novembro de 1975 vai ser hoje, finalmente, assinalado na Assembleia da República com a solenidade merecida, pois foi nesse dia que se conseguiu restaurar o caminho aberto a 25 de Abril de 1974 em prol da liberdade e da democracia pluralista. Foram necessários 49 anos (mais um do que durou a ditadura do Estado Novo) para que a Assembleia da República se tenha libertado das deturpadas narrativas da esquerda radical comunista sobre o que aconteceu a 25 de Novembro e celebre esta importante data.
O decisivo papel desempenhado, no pós 25 de Abril e no chamado Verão Quente de 1975, por políticos como Mário Soares e Sá Carneiro, por militares moderados, defensores da democracia pluralista, com destaque para Ramalho Eanes, bem como pela “maioria silenciosa” dos portugueses que se expressaram nas primeiras eleições livres, a 25 de Abril de 1975, tem sido sucessivamente aprisionado, impedindo mesmo que muitos dos mais novos tenham conhecimento factual do que aconteceu nessa época e nesse dia 25 de Novembro.
Foi nesse dia que Ramalho Eanes e outros militares valorosos se opuseram com sucesso à tentativa de golpe de Estado por parte dos comunistas, então liderados por Álvaro Cunhal, e da demais extrema esquerda. Esta tentativa de golpe comunista, como é descrita por Zita Seabra, à data dirigente do PCP, visava a tomada do poder através da insurreição popular armada, à semelhança da tomada do poder por Lenine na revolução de Outubro de 1917, que estabeleceu o regime totalitário da União Soviética.
A ação de defesa contra o golpe, liderada por Ramalho Eanes, foi decisiva para que o nosso país não caísse em nova ditadura – desta feita comunista, depois de décadas refém da ditadura de Salazar – e seguisse um caminho democrático e de liberdade.
Uma liberdade conquistada a 25 de abril de 1974 – após 48 anos da ditadura imposta no Estado Novo - mas que rapidamente a extrema esquerda comunista quis condicionar. Desde logo em 1974 e especialmente ao longo de 1975, no chamado PREC (Processo Revolucionário em Curso) em que os comunistas muito prejudicaram o País com assaltos à iniciativa privada, à imprensa livre (o Diário de Coimbra foi dos poucos jornais que resistiu, mas foi alvo de várias tentativas de tomada de controle em 1974 e 1975), ocupações selvagens de casas, de empresas, de propriedades agrícolas, nacionalizações, etc.
O rumo para a liberdade, democracia, adesão à Europa, economia de mercado, que hoje conhecemos, só conseguiu ser reposto a 25 de novembro de 1975 com a derrota do golpe comunista. Uma verdade histórica que nestes últimos 49 anos não foi devidamente celebrada, por influência dessa mesma extrema esquerda comunista anti-democrática, que apoia os regimes totalitários de Putin, Maduro, Xi Jinping e Kim Jong-Un, que continua a desvalorizar e a negar uma data decisiva do Portugal democrático e se recusa a participar na celebração de hoje na Assembleia da República. Um silenciamento a que, infelizmente, muitas vezes o próprio Partido Socialista, por taticismo político, deu cobertura, desvalorizando a data e o decisivo papel desempenhado nesse período por Mário Soares em defesa da democracia, pluralista, cuja vitória nas eleições de 1975 estava a ser posta em causa pelos comunistas.
Foram agora precisos mais 49 anos para que os nossos políticos se tenham, finalmente, libertado. Agora, em 2024, com a dignidade que o momento merece, o 25 de Novembro será assinalado na Casa da Democracia.
Adriano Callé Lucas