Portugal entre os quatro melhores da OCDE na vacinação contra papilomavírus humano
Portugal é um dos quatro, entre os 38 países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), que atingiram a meta relativa à vacinação contra o papilomavírus humano (HPV), indica um relatório divulgado hoje.
A análise "Tackling the Impact of Cancer on Health, the Economy and Society" assinala que as vacinas contra a infeção pelo HPV “são seguras e altamente eficazes”, permitindo “proteger as gerações futuras do cancro cervical [evitando entre 84% e 92% destes, que representam 91% de todos os relacionados com o vírus] e prevenir quase nove em cada 10 mortes prematuras”, pelo que foram incluídas nos programas de imunização de quase todos os países da OCDE.
No entanto, apenas o Chile, a Espanha, a Noruega e Portugal (91% em 2023) “atingiram a meta de vacinar pelo menos 90% das meninas em 2022”, sendo a cobertura média na OCDE no mesmo ano de 69% (variando entre os 8% no Japão e os 96% na Noruega).
Programas de vacinação executados de forma otimizada também permitiriam reduzir “o encargo total do cancro nas despesas de saúde em 1,3% em média na OCDE (1,6% na União Europeia) e acrescentar o equivalente a 120.000 trabalhadores a tempo inteiro à força de trabalho da OCDE (40.000 para a UE)”.
É urgente reduzir o fardo do cancro, salienta o relatório, adiantando tratar-se de um dos principais desafios de saúde pública, com consequências para os sistemas de saúde, economias e sociedades.
Calcula-se que 11 pessoas por minuto são diagnosticadas com cancro na OCDE, onde o custo anual da doença para os sistemas de saúde será de 449 mil milhões de euros em paridade de poder de compra. A nível social, a doença reduz “a produção da força de trabalho [menos horas e menor produtividade] em 163 mil milhões de euros em paridade de poder de compra por ano”.
Pior, espera-se que os custos com a doença aumentem, em primeiro lugar devido ao envelhecimento da população. “Supondo que a incidência e as taxas de sobrevivência do cancro por faixa etária permanecem inalteradas, as despesas ‘per capita’ com o cancro aumentarão 67% em média na OCDE entre 2023 e 2050”.
O relatório adianta que melhorar os resultados relativos à doença também levará a um aumento da despesa, precisando que “aumentar as taxas de sobrevivência para os níveis do país com melhor desempenho salvará muitas vidas, mas aumentará em 15% os custos do tratamento no mesmo período”.
Além disto, o tratamento também se tornará mais caro devido a novos medicamentos e tecnologias.
Os cancros do pulmão, mama e colorretal são as causas mais comuns de mortes devido à doença na OCDE e na UE.
Segundo estimativas da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico, se todos os seus países membros melhorassem o rastreio do cancro, o diagnóstico precoce e apostassem num tratamento no devido tempo, acessível e eficaz para atingir as melhores taxas de sobrevivência observadas na sua zona, “um quarto de todas as mortes prematuras devidas ao cancro seriam evitadas”.