Aposta da Lovistin permite aumentar eficiência e conquistar mais mercado
Como chegou a este setor profissional nos anos 80?
O meu primeiro trabalho foi numa oficina de automóveis, durante meio ano. Acabei por sair porque preferia uma atividade mais dinâmica, falar com pessoas, andar na rua. Pensei que podia ser interessante procurar diretamente os clientes. Comecei por vender tintas - de uma marca que já não represento - e aos poucos fui construindo a minha carteira de clientes, a fazer tintas e a entregar aos clientes, fazia tudo. Quando comecei no negócio das tintas, faturava em nome individual - “Lovistin de Manuel Gonçalves da Silva”.
O nome “Lovistin” surgiu da união das palavras: lojas, Viseu e tintas. Ou seja, “Lovistin” significa Loja Viseense de Tintas. Achei que o nome era engraçado e avancei. Foi assim que iniciei a atividade, comecei a andar na rua com outro entusiasmo e as coisas começaram a melhorar. Arranjei vários clientes, tinha tempos de entrega mais rápidos e produtos de qualidade que me permitiram ganhar mercado e nome na cidade.
E depois como surgiu a empresa conforme a conhecemos nos dias de hoje, como “Lovistin – Comércio de Máquinas e Tintas”?
Nasceu em 1990. Trabalhei sozinho de 1982 até 1990. Depois entendi que ficaria mais credível no mercado e junto das empresas se a Lovistin deixasse de ser empresa unipessoal e passasse a ser uma sociedade, que constituí com a minha mulher. Foi assim criada a “Lovistin – Comércio de Máquinas e Tintas, Lda.”.
Como foram os primeiros anos da empresa?
Quando montei a empresa havia já alguns concorrentes. No entanto, tive “olho” para o negócio e perspicácia porque via que o investimento e evolução era baixo na concorrência, tinham lucro com o material que já tinham porque o produto tinha sempre saída. Assim, comecei a apresentar aos clientes novos preços associados ao aumento de qualidade e começaram a preferir os nossos serviços, sobretudo quando se deu uma revolução na pintura do mundo automóvel e surgiram as máquinas de tinta para se fazerem as misturas nas oficinas. Estas máquinas começaram a ter muita procura e, consequentemente, a faturação começou a aumentar. À data, pegava nos corantes e levava aos clientes que faziam as próprias tintas - começou a tornar-se um hábito e o negócio prosperou. Apesar das dificuldades, investi muito em equipamentos, insisti, e a concorrência foi perdendo clientes. Enquanto a concorrência estagnou, nós investimos e começámos a utilizar tecnologia mais avançada, o que nos permitiu estar à frente das restantes empresas do setor – empresas estas que só se aperceberam disto quando o mercado era já quase todo dominado pela Lovistin, mesmo até ao nível dos grandes concessionários de Viseu, as grandes oficinas. Quando ganhei o primeiro concessionário isso teve um efeito de contágio e os outros concessionários vieram praticamente todos atrás. E foi assim o nosso começo. Optámos sempre pela qualidade dos produtos.
Quando começou a ligação à marca Glasurit?
Nos anos 90 já tinha ligação à marca Glasurit - surgiu mais ou menos nesta altura e trabalho com a marca há cerca de 35 anos. Investi com muito custo na marca, no entanto, compensou quando nos tornámos distribuidores oficias da marca no distrito de Viseu. À data, posso ter sido demasiado ambicioso, mas como vendia a marca e ela era boa, quis ir mais longe. Posteriormente, entrámos no mercado da Guarda, depois em Castelo Branco, em Aveiro e hoje temos uma vasta carteira de clientes. Mais recentemente começámos a investir na distribuição em algumas zonas do distrito do Porto, o que mostra a nossa visão de continuar a conquistar mais mercado.
Em 2018 e 2019 ganhou o estatuto de PME Líder. Que satisfação lhe deu esse reconhecimento?
Nesses anos, a empresa teve boa faturação, que o IAPMEI entendeu ser digna dessa distinção. No entanto, com a pandemia, a faturação diminuiu. Mas estamos convictos que com a construção do pavilhão e com o alargamento da oferta de serviços a faturação vai voltar a atingir esses padrões de referência.
A mudança de instalações deve-se ao crescimento e à expansão da empresa ou resulta da necessidade de espaço físico?
De ambos. No decorrer destes 35 anos, o espaço que ocupamos começou a tornar-se muito pequeno para a nossa atividade e a ideia foi alargar essas instalações. Atualmente, temos 13 colaboradores e quisemos garantir que vamos ter todos melhores condições de trabalho, para que as pessoas se sintam bem e para que qualquer dos nossos colaboradores acredite que estamos a fazer um esforço coletivo e que não estamos estagnados. Vamos ter equipamentos melhores e mais espaço para poder manobrar melhor, nomeadamente no caso do uso dos empilhadores, de armazenagem, ou seja, vai ser tudo mais fácil e rápido, que é o objetivo porque é importante aumentar a eficiência. Também vamos ter um espaço dedicado a formações, o que nos permitirá aumentar e manter a nossa carteira de clientes - porque este é o futuro. O objetivo é juntar várias pessoas em equipas para fazer essa formação, contribuir para a melhoria dos serviços da nossa clientela e diminuir o esforço que os nossos clientes têm de fazer para melhorar a formação dos seus técnicos. Dado que no mercado existe dificuldade em arranjar pintores, uma das nossas preocupações também é criar oportunidades para que os nossos clientes possam formar os seus pintores e dar-lhes conhecimento para que estejam preparados para produtos e tecnologias que surgirão. Diria que temos estrutura e condições para duplicar o nosso número de colaboradores. Todavia, com a conjuntura e as incertezas atuais, também é importante que tenhamos os “pés assentes na terra”. Mas se tudo correr bem, a ideia é aumentar a nossa equipa. Este é um passo muito grande que estamos a dar e temos de dá-lo com consciência. Mas a realidade é esta: se não desse este passo estagnávamos e o objetivo é crescer.
Que avaliação faz da concorrência em Viseu?
Todos querem trabalhar bem e creio que estão a fazê-lo. Quanto melhor for a concorrência, melhor o setor e, portanto, todos estaremos a dar mais qualidade aos nossos clientes. Os produtos são bons, depende de quem os trabalha. Temos uma equipa excelente, bons trabalhadores, apesar dos desafios de gerir pessoas. Temos conseguido manter a nossa posição no mercado porque ouvimos e servimos os clientes, tentando resolver os problemas que eles nos põem e os desafios que o mercado traz.
Que balanço faz destes 34 anos de Lovistin?
Faço um balanço positivo. Como disse, apesar dos sacrifícios que temos vindo a fazer, não sou um indivíduo de baixar os braços e mantenho-me positivo. Também desanimo, claro, mas considero que sou um otimista e depressa me recomponho. Estou contente pelo percurso que temos tido ao longo destes anos: crescemos de forma sustentável e temos conseguido aumentar as vendas de ano para ano. “Não demos um passo maior do que a perna”, somos cautelosos, mas chegou o momento de entrar numa nova fase - era agora ou nunca. Também, face à minha idade, estou a tentar que o meu filho Manuel siga os meus passos desde que acabou o seu curso universitário. Quero deixar a empresa em boas mãos e dar-lhe condições para superar aquilo que já conquistámos.