Museu Judaico de Belmonte vai ter a Torá completa mais antiga no país
“Esta é a Torá completa mais antiga em Portugal e trata-se de uma preciosidade e de uma mais-valia para o Museu Judaico, que há cerca de três anos deixou de ter o livro mais importante do judaísmo”, considera o presidente da Empresa Municipal de Belmonte, Joaquim Costa
“Esta Torá tem uma longa história para contarmos a quem nos visita. É uma Torá escrita em Espanha, antes da expulsão dos judeus, e depois passou de Espanha para Marrocos e daí para Israel, em Jerusalém, onde estava à guarda dos rabinos”, explicou, em declarações à agência Lusa.
O responsável informou que o documento, que representa os cinco primeiros livros do Pentateuco, o texto fundamental do judaísmo, foi comprado, embora não revele o montante pago.
“Não vale a pena falar em valores. Foi um valor simbólico, mas, pela história que esta Torá tem, e pelos anos, esta Torá não tem preço”, sublinhou o presidente da Empresa Municipal de Belmonte.
De acordo com Joaquim Costa, a Torá sefardita tem mais de 400 anos, está completa, tem 384.805 palavras e é toda escrita à mão, com uma tinta ‘kosher’.
O responsável adiantou que o Museu Judaico, inaugurado em 2005, tinha o livro mais importante do judaísmo, propriedade da Comunidade Judaica de Belmonte, que levava o documento para a sinagoga nas festas mais importantes, como estava estipulado em protocolo, mas há cerca de três anos não foi devolvida ao espaço museológico.
“Foi o novo rabino que veio para a comunidade que mandou levar a Torá. Nunca nos disseram porquê”, frisou Joaquim Costa.
Desde há cerca de dois anos que foram iniciados contactos com pessoas em Israel para adquirir o documento, que acabou por ser intermediado por dois rabinos, um deles Eliahu Birnbaum.
“É o livro mais importante do judaísmo. É um livro histórico e, ao mesmo tempo, religioso. Ensina a religiosidade e a espiritualidade do povo de Israel”, pormenorizou o presidente da Empresa Municipal de Belmonte.
O Museu Judaico de Belmonte recebeu, no ano passado, 29 mil visitantes, mas começou a receber cancelamentos desde que teve início a guerra entre Israel e o grupo islamita Hamas e este ano regista uma quebra de 18% no número de entradas.